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Imprensa SeebRio
Além do aumento de 19,6%¨no lucro líquido do primeiro semestre – R$ 17,34 bilhões – quando comparado ao mesmo período de 2022, o balanço do Banco do Brasil, divulgado nesta quarta-feira (10), revelou um dado muito preocupante: a sobrecarga de trabalho em consequência da redução expressiva do número de funcionários nos últimos anos é um problema extremamente grave que precisa ser resolvido com urgência.
O balanço revela que em 12 meses, concluídos no final de junho, o banco fechou 1.282 postos de trabalho, sendo 426 somente no último trimestre. Ao mesmo tempo, mostra que o número de clientes (correntistas, poupadores e beneficiários do INSS) apresentou crescimento, passando de 80,30 milhões para 82,65 milhões – aumento de 2,35 milhões, em 12 meses. Ou seja, menos gente no BB para dar conta de ainda mais trabalho.
“Ficamos preocupados com essa redução no quadro. Os lucros obtidos pelo banco são graças ao trabalho dos milhares de bancárias e bancários. E, um corpo funcional mais reduzido, significa aumentar a pressão sobre eles para que correspondam às metas”, ressaltou a coordenadora da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), Fernanda Lopes.
A dirigente lembrou que nos últimos anos o BB sofreu seguidos programas de reestruturação, que impactaram em menos funcionários e agências. “Com a mudança de gestão no comando do BB, a partir de janeiro deste ano, nós, os trabalhadores, passamos a aguardar por uma mudança nessa maneira de enxergar o banco público, que não deve se limitar apenas na busca por lucros, mas em ser um banco para o desenvolvimento de setores importantes, atuante em todas as regiões e que, para isso, fortalece também o seu quadro de funcionários”, argumentou.
Concurso e 'Performa'
Fernanda defendeu a realização de concurso para a reposição de funcionários. Lembrou que o último, realizado pelo BB, em abril, não foi suficiente para recompor a redução de quadro que a empresa sofreu nos últimos anos. Rita Mota, também integrante da CEBB e diretora do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, propôs ainda como opção a convocação de um número maior de aprovados no último concurso.
Rita chamou a atenção para o fato de que a redução da folha em função do programa ‘Performa’ também teve impacto no lucro. “O ‘Performa’ foi implementado em 2020, reduziu o valor de todas as funções, significando que, na medida em que a pessoa era promovida ganhava menos do que quem já estava na mesma função”, rememorou.
“É preciso que o BB reveja o programa ‘Performa’ que prejudicou a remuneração do funcionalismo, fazendo com que recebessem menos do que deveriam passar a ganhar”, defendeu. “O programa teve, ainda, um efeito cascata, repercutindo em todas as promoções e criando uma diferença salarial entre os funcionários”, disse.
Aumento na carteira de crédito
O lucro do BB também teve crescimento de 2,7%, quando comparado o resultado do segundo trimestre do ano com o trimestre anterior, totalizando R$ 8,78 bilhões. Já as despesas do BB com pessoal, no período de 12 meses, apresentaram aumento de 9,5% (incluindo o pagamento da Participação nos Lucros ou Resultados/PLR), e totalizaram R$ 13,53 bilhões. “Esse valor reflete o reajuste salarial conquistado pelos trabalhadores na convenção coletiva de trabalho da categoria, em setembro de 2022”, observou a coordenadora da CEBB.
A carteira de crédito ampliada (que corresponde à carteira de crédito classificada adicionada das operações com títulos e valores mobiliários privados adquiridos pelo BB e das garantias prestadas) cresceu 13,6% em 12 meses, totalizando R$ 1,044 trilhão.
Outras carteiras que também apresentaram crescimento nos últimos 12 meses foram: agronegócio, em 22,7% (R$ 321,6 bilhões), seguida pela carteira de pessoa jurídica, 10,4% (R$ 371,8 bilhões) e pessoal física, 10,0% (R$ 302 bilhões), com destaque, nesta última, para o crédito consignado (+9,3%).
Inadimplência e despesas de PCLD
O BB afirma que o índice de inadimplência para atrasos superiores a 90 dias ficou em 2,73%, aumento de 0,73 ponto percentual (p.p.) em relação a junho de 2022 – percentual ainda abaixo da inadimplência média do Sistema Financeiro Nacional (3,60%).
Já as despesas com provisão para créditos de liquidação duvidosa (PCLD), também chamada de provisões para devedores duvidosos (PDD), aumentaram em 40,1% em 12 meses, totalizando R$ 12,78 bilhões em junho de 2023. No segundo trimestre, as despesas com PDD aumentaram 108,9% em comparação ao 1º trimestre.
O banco aponta como principais fatores, para o provisionamento adicional, as linhas não consignadas da carteira pessoa física e o segmento large corporate (grande empresa), que pode ser traduzido como o caso Americanas, que entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro e saiu do grau de risco F para G.