Quarta, 29 Março 2023 15:05

Banco do Brasil para os brasileiros

A sanha privatista que assolou o país acertou em cheio o Banco do Brasil, escutamos o tempo todo, de executivos a gerentes, frases como “o mercado trabalha assim”, “nossas taxas são competitivas” ou palavras como “meritocracia” e produção, enfim, uma nivelação por baixo. O Brasil não precisa de mais um banco que desrespeita clientes, funcionários e, por vezes, a legislação. Onde o assédio moral é institucionalizado, as metas são insanas e seu único objetivo é remunerar acionistas com seus lucros exorbitantes.

Sob nova Direção

Apesar de no novo Código de Ética o valor “Espírito Público” ter sido alterado pelo conceito subjetivo de “Compromisso com a sociedade”, entendemos que, tanto pelos discursos do Presidente da República quanto da nova presidenta do Banco, que a privatização não está mais em pauta. Porém, precisamos de muito mais. Sabemos que numa empresa do porte do BB as mudanças tendem a ser mais lentas, entretanto, a sociedade e os funcionários necessitam de respostas urgentes.

A quem serve este BB

Neste processo verificamos que com o desmonte provocado pelo governo anterior, este Banco, cujo maior acionista e o Estado brasileiro, ficou cada vez mais distante de sua população. Vejamos:

Clientes:

O custo para se manter uma conta PJ é muito alto. Além da tarifa, de seu já minguado crédito ainda serão debitadas TAC, Tarifa FLAT e IOF. E uma taxa de juros de 5%.
Na PF a história não é diferente, devido às altíssimas taxas de juros, os clientes não conseguem contratar e nem trazer seus empréstimos para o BB. Apesar disso as metas continuam as mesmas.

Funcionários:

Sobrecargas de trabalho, metas abusivas, assedio moral e redução salarial, se tornaram constantes em nosso cotidiano, gerando um número crescente de doenças psiquicas. A tentativa desastrosa de transformar direitos como férias, abonos e folgas eleitorais em prêmios vinculados à “produção” é um exemplo.
Folgas eleitorais, por exemplo, só podem ser tiradas de terça à quinta-feira, não existe acordo e sim imposição por parte dos administradores. Abonos são tratados, destratados e esquecidos. Causando um descontentamento geral e desnecessário.
Nos Escritórios e agências Estilo os gerentes são penalizados por tirarem férias. Como não há substituição, sua carteira de clientes não é devidamente acompanhada durante sua ausência. Ou seja, são pressionados a ficarem somente 20 dias de férias e assim mesmo divididos, sem contar que a pressão aumenta nos dias anteriores ao gozo, uma vez que precisam “compensar” sua produção para os dias não trabalhados.
Ainda temos um sistema Conexão sempre desconexo da realidade, onde, entre outras pérolas, uma LCA do Banco BTG tem mais peso que a do próprio BB. Num país em que a renda vem caindo vertiginosamente nos últimos anos, não há justificativa plausível para que as metas sejam praticamente dobradas de um mês para o outro.
Nas agências uma nova reestruturação avança sem levar em conta o número de funcionários.

O alto custo do Lucro

O BB de hoje está completamente fora da realidade brasileira. A quem, afinal, serve esta instituição, que adoece funcionários e afasta clientes e usuários?
O BB tornou-se mais um banco no Brasil, uma empresa de mercado para o mercado, cujo o lucro não é revertido nos salários, nas condições de trabalho e nem na saúde de seus funcionários. Pelo contrário, podemos compara-lo a uma empresa farmacêutica, que tem seus resultados advindos da doença.
O lucro não pode ser um diamante de sangue, conquistado com tanto sofrimento. Clientes sofrem com taxas, tarifas e juros altíssimos e funcionários sofrem com metas absurdas cobradas de forma criminosa. Essa situação precisa ser revertida urgentemente. Precisamos de um banco que sirva à sociedade brasileira e que respeite os seus funcionários.

O Perigo da demora

O Assédio Moral, por exemplo, não pode esperar para ser combatido, um mal que se alastra para toda a sociedade na forma de diversas doenças. Esta é uma das muitas e lamentáveis práticas do mercado, adotada pelo BB, que deve ser extirpada de forma rápida e definitiva.
Esperávamos que o novo Código de Ética já refletisse o combate a este tema de forma mais incisiva que o anterior, que fosse além de “Boas práticas de relacionamento”. Por exemplo, exigisse, e não apenas “recomendasse” ou “esperasse”, que seus líderes tenham empatia e pratiquem a Comunicação Não Violenta.
Os operadores do direito costumam utilizar o argumento do perigo da demora (periculum in mora) , alegando que uma decisão tardia pode causar um dano grave ou irreversível para uma das partes do processo. Acreditamos que este seja o caso do combate ao Assédio Moral no BB.

Fato Relevante

Esperamos que os próximos Fatos Relevantes divulgados ao mercado pelo BB, sejam: "a empresa pode e deve ser lucrativa com respeito e responsabilidade para com a sociedade e seus funcionários" e "é possível ser um 'player de mercado' sem ser uma máquina 'moedora de gente'". Mostrando ainda que participar de mesas temáticas com os trabalhadores, buscando GESTÃO mais PARTICIPATIVA, não reduz em nada os bons resultados, muito pelo contrário. E que ser um Banco voltado para a população gera muito mais riquezas para o país e, consequentemente para o BB.

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