Segunda, 08 Dezembro 2025 19:42
FUNCIONÁRIOS EM LICENÇA MÉDICA

Itaú diz que ida de bancários para ACL não é obrigatória e nem passível de advertência

GT de Saúde dos empregados cobrou do banco também explicações sobre o funcionamento do canal de denúncias de assédio, dificuldades no IU Conecta, descontos no contracheque e programa Linha de Cuidado
O GT de Saúde dos Funcionários do Itaú  durante a negociação com o Banco O GT de Saúde dos Funcionários do Itaú durante a negociação com o Banco

Os sindicatos têm recebido inúmeras reclamações de trabalhadores em licença médica convocados pelo Itaú para passar por uma Avaliação de Capacidade Laborativa (ACL), com ameaça de advertência em caso de não comparecimento. Na quarta-feira passada (3/12), o Grupo de Trabalho de Saúde dos empregados do Itaú se reuniu novamente com o banco, e cobrou na ocasião, explicações sobre este fato, e sobre o funcionamento do canal de denúncias de assédio, dificuldades no IU Conecta, descontos no contracheque e o programa Linha de Cuidado, apresentado pelo banco. O movimento sindical questionou o banco, porque bancários com contrato suspenso - seja por estarem afastados ou com pedido de prorrogação de benefício - não podem ser submetidos a esse tipo de avaliação. Também foi levantada a situação de empregados que, mesmo após passarem por exame de retorno ao trabalho, estão sendo chamados novamente.
O banco afirmou que as avaliações servem para “entender o motivo do afastamento” e que seriam convocados apenas trabalhadores que já receberam alta do INSS ou aguardam novo benefício. Quanto aos casos de bancários com contrato suspenso que receberam mensagens, o Itaú disse que verificará o ocorrido e que a participação em ACL não é obrigatória nem passível de advertência.
Convocação indevida 

Edelson Figueiredo, Secretário de Saúde do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e integrante do GT, classificou como ilegal a convocação. “O Itaú precisa respeitar a legislação. Convocar funcionários doentes para avaliação é uma pressão indevida que, em vez de antecipar, acaba retardando o retorno do trabalhador, pelo possível agravamento de sua doença. O Itaú tem que respeitar seus funcionários e as leis trabalhistas”, afirmou.
Mariza Izabel Menezes, coordenadora da COE(Comissão de Organização dos Empregados) classificou a convocação de bancários em licença para tratamento de doença como assédio moral. E disse ser ainda mais absurda a ameaça de advertência a quem não comparecer.
Rosângela Lorenzetti, coordenadora do GT, reforçou que o banco precisa ser mais transparente e respeitar a legislação.

Canal de denúncias

Outra preocupação recorrente é o canal utilizado pelos trabalhadores para denunciar situações de assédio moral e sexual. O GT cobrou sigilo, proteção ao denunciante e mais rapidez nas apurações. Além disso, os representantes dos trabalhadores criticaram o fluxo atual, em que o primeiro a ser ouvido é justamente o denunciado. O Itaú se comprometeu a levar o responsável pelo Ombudsman à próxima reunião para discutir ajustes.

IU Conecta meia-bomba

Os sindicatos também relataram problemas enfrentados pelos bancários para anexar documentos no IU Conecta. O GT também tratou dos e-mails enviados pelo banco aos empregados que estão prestes a receber alta do INSS. O Itaú envia três comunicados antes da data prevista para o retorno, o que tem gerado sensação de pressão. O banco enviará os textos ao GT para construção conjunta de uma comunicação mais clara e que não gere constrangimento ao trabalhador que ainda não sabe se estará apto.
Outro problema recorrente são os descontos referentes a adiantamentos salariais nos períodos de afastamento. O banco se comprometeu a levar, na próxima reunião, um representante da folha de pagamento para explicar as rubricas e esclarecer os valores descontados.

Programa Linha de Cuidado

O Itaú apresentou ainda o programa Linha de Cuidado, em parceria com o Grupo Fleury. Nele, trabalhadores elegíveis passam por consulta com enfermeira generalista e, se necessário, são encaminhados para médico generalista e exames — que, no entanto, têm coparticipação pelo plano de saúde. O GT sugeriu que, por se tratar de um programa do banco, os exames não deveriam gerar custos aos participantes.

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