Quinta, 20 Novembro 2025 21:37
A FORÇA ANCESTRAL

Dia da Consciência Negra no Rio é marcado por manifestações culturais, religiosas e políticas

Participantes expressam, com dança, música e culinária afro-brasileira, a força de negras e negros na luta contra o racismo
Dirigentes sindicais bancários participaram das manifestações do Dia da Consciência Negra no Centro do Rio de Janeiro Dirigentes sindicais bancários participaram das manifestações do Dia da Consciência Negra no Centro do Rio de Janeiro Foto: Nando Neves

 

Carlos Vasconcellos 

Imprensa SeebRio

Movimentos sociais e organizações do movimento negro realizaram, no feriado nacional desta quinta-feira, 20 de novembro, um ato público com manifestações políticas, religiosas e culturais afro-brasileiras em frente ao busto de Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio de Janeiro.

O palco da manifestação

Construído pelo antropólogo e educador Darcy Ribeiro durante o governo Leonel Brizola, o espaço tornou-se um ponto central das atividades em homenagem ao herói nacional Zumbi e às celebrações do Dia da Consciência Negra. O evento reuniu atrações culturais de música e dança, além de oferecer culinária afro-brasileira.

Bancários na luta

A atividade contou com a presença de ativistas, lideranças do movimento negro e teve a participação de dirigentes sindicais bancários. “Hoje é um dia para conscientizarmos toda a sociedade sobre a importância da luta contra o racismo e também para refletirmos sobre a violência que atinge as comunidades negras no Brasil”, afirmou o diretor executivo de Bancos Privados do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Robson Santos.

O diretor de Tesouraria do Sindicato, Jorge Lourenço, elogiou as manifestações culturais presentes no ato.

“Negros e negras têm um papel fundamental na formação cultural e na identidade nacional do nosso processo civilizatório singular. A história oficial precisa ser recontada a partir do olhar de negros e indígenas”, destacou Jorginho.

O secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar, também participou do ato.

“Neste dia, é preciso denunciar que 86% das mortes em operações policiais no Brasil são de pessoas negras. A política de segurança do governador Cláudio Castro (PL) repete esta estratégia fracassada que não torna a cidade mais segura, mas ao contrário, apenas aumenta a violência”, afirmou.

Almir defendeu ainda educação em tempo integral para crianças e jovens e adolescentes, geração de empregos e renda, e o uso de inteligência e tecnologia nas operações contra o crime organizado como caminho para a pacificação social e o caminho para a igualdade de oportunidades. 

Intolerância religiosa

O evento também foi marcado por homenagens às ancestralidades africanas e por denúncias da violência contra religiões de matriz africana, além de críticas ao racismo estrutural.

Discriminação nos bancos

O mercado de trabalho brasileiro, inclusive o sistema financeiro, segue revelando desigualdades profundas. “É inaceitável que, nos bancos, pessoas negras — especialmente mulheres negras — recebam em média salários inferiores aos de bancários brancos que exercem funções similares e enfrentem dificuldades de ascensão profissional por causa de sua raça”, criticou Almir.

Os números confirmam as críticas do sindicalista. Atualmente, bancários negros (pretos e pardos) ganham 24% menos do que colegas brancos.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pessoas pretas e pardas enfrentam taxas maiores de desemprego, recebem salários menores e estão mais expostas à informalidade do que pessoas brancas.

"Dia da Consciência Negra são todos os dias, na prática cotidiana da sociedade e dos governos", concluiu Almir Aguiar.

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