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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), decidiu nesta quarta-feira (11), elevar ainda mais a taxa básica de juros da economia (Selic) em 1 ponto percentual (p.p.). Com isso, o índice vai para 12,25% ao ano e mantém o Brasil com uma das maiores taxas de juros reais do mundo (resultado da Selic menos a inflação), na ordem de 7%.
A decisão atende à pressão do cartel dos bancos do sistema financeiro nacional, que é quem controla a política cambial e de juros desde a chamada "autonomia" do BC.
O vilão não é a inflação
Como sempre. a justificativa está nas expectativas pessimistas do mercado em relação à inflação e desvalorização da moeda brasileira, o real, em relação ao dólar.
O argumento da inflação não condiz com o que mostra o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelando que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou novembro em 0,39%, abaixo do mês anterior, que foi de alta de 0,56%.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicado pelo então ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, encerra sua gestão a frente da instituição atendendo aos interesses dos bancos e em prejuízo do povo brasileiro e da macroeconomia do Brasil.
As chantagens do mercado
Chama a atenção dos brasileiros também como o mercado reage com mau humor quando uma medida, como o anúncio da ampliação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$5 mil a partir de 2026, tomada pelo governo Lula, resultou em ataques especulativos do câmbio e já com a elevação dos juros, em que somente banqueiros e especuladores ganham, o mercado reage com serenidade e aprovação.
O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Gustavo Cavarzan, criticou a decisão do BC, em matéria publicada pela Contraf-CUT.
"Os instrumentos da política monetária para intervir no câmbio existem para serem utilizados quando necessário, e um exemplo disso foi quando, recentemente, o Dólar bateu os R$6". O que parece é que a entidade acaba se submetendo, reiteradamente, às chantagens do mercado financeiro, ao invés de atuar para reduzir a pressão sobre o Real sem aumentar Selic", destacou.
Fato é que os juros altos impedem o crescimento sustentável da economia e aumentam a dívida pública do país. Metade de tudo o que o Brasil produz e trabalha é para o governo pagar juros da dívida. Estes gastos correntes dificultam, inclusive, o equilíbrio fiscal da União e para piorar, o chamado mercado cobra do governo mais cortes no orçamento direcionado aos trabalhadores, como a proposta de uma nova reforma da Previdência, além dos investimentos em saúde e educação, para o equilíbrio nas contas públicas.