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Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Embora o Brasil tenha avançado nos últimos anos em políticas públicas em favor dos idosos, o país tem muito a melhorar quando o assunto é a qualidade de vida de quem trabalhou uma vida inteira e chega à terceira idade em busca de mais saúde, direitos e uma vida melhor.
No último relatório Global Age Watch, que mede o ranking de qualidade de vida para idosos, o Brasil aparece no vergonhoso 58⁰ lugar, entre os 96 países avaliados quanto à qualidade de vida da terceira idade. A Noruega está no primeiro lugar, seguida de Suécia, Suíça, Canadá e Alemanha. Na comparação são levados em conta renda, saúde, trabalho, educação e segurança.
Renda baixa
Os problemas no Brasil começam pela renda média muito baixa, em especial para os trabalhadores aposentados, afinal nosso país tem, entre 36 países do continente americano, o oitavo pior salário mínimo das Américas.
No quesito renda de trabalhadores da ativa, o Brasil fica atrás do Chile, que paga 2,1 vezes a remuneração brasileira em relação ao salário mínimo e atrás também do Uruguai, que remunera, no mínimo, cerca de R$2.200 por mês, uma realidade inaceitável para a oitava maior economia do mundo. Na questão da aposentadoria os chilenos estão em condições ainda pior do que os brasileiros, pois o país não conseguiu solucionar a miserabilidade dos idosos causadas pela privatização da previdência, feita ainda na ditadura do general Pinochet.
Quando se aposenta, a situação do brasileiro também não é fácil, pois os benefícios do INSS não acompanham o crescimento do custo de vida e os gastos com a saúde aumentam.
Brasileiro trabalha muito
Em novembro de 2019, o então ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, aumentou a idade mínima para se aposentar que passou a ser de 65 anos para homens e 62 para mulheres. A medida fez o brasileiro trabalhar mais tempo, o que implica em perda de qualidade de vida e saúde, até pelo elevado índice de precarização das condições de trabalho.
Ao contrário do que alardeam as elites empresariais, o povo brasileiro trabalha muito tempo. Na China, por exemplo, a idade mínima da aposentadoria para ambos os gêneros é de 60 anos. O governo chinês estuda elevar para 62 anos em função do envelhecimento da população, ainda assim, exigência menor do que em nosso país, que já sofre uma pressão dos mercados e da mídia para elevar ainda mais a idade para o brasileiro se aposentar pela Previdência Social, sob o argumento da necessidade de o governo equilibrar aa contas públicas. A mesma preocupação, as classes dominantes não tiveram quando o assunto foi a aprovação no Comgresso Nacional, da renovação da farra das isenções para empresas, que elevam ainda mais os gastos da União e sem nenhuma garantia no emprego e nem contrapartida social.
A precarização do trabalho com o advento da reforma trabalhista feita no governo Temer, tornou o envelhecimento no Brasil ainda mais difícil e sofrido.
Sem falar que, com a reforma previdenciária de Guedes e Bolsonaro, trabalhadores rurais, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, que começam a trabalhar com 12 anos de idade e onde a expectativa de vida é bem maior, provavelmente não terão o direito ao merecido descanso remunerado no final de suas vidas.
E há um desafio ainda maior nos próximos anos: com metade dos trabalhadores no mercado informal, sem nenhum direito trabalhista, o Brasil terá em 15 anos, cerca se 60 milhoes de idosos sem nenhuma cobertura previdenciária.
Saúde privada
Para quem ainda pode pagar um plano de saúde privado, tornou-se um desafio manter os planos a partir da terceira idade, com reajustes praticamente impagáveis e sem falar em muitas situações de ddoençasem que as operadoras se negam a realizar os procedimentos necessários , devido ao alto custo da chamada "inflação médica", mesmo com os lucros absurdos dessas empresas.
Resta ao brasileiro o SUS (Sistema Único de Saúde) que, apesar de todas as dificuldades, é uma referência no mundo no cuidado com a saúde das pessoas.
Políticas públicas de acesso à cultura, esportes e lazer também contribuem para garantir mais qualidade de vida e saúde aos idosos.
A celebração da data
O Dia Internacional das Pessoas Idosas foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que definiu como pessoas idosas aquelas com mais de 65 anos. Essa classificação também é adotada na Organização Mundial de Saúde (OMS), que os caracteriza como grupo da terceira idade.
Situação no Brasil
Atualmente, no Brasil, há 26,3 milhões de idosos, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representa 13% da população. A expectativa é que esse percentual aumente e chegue a 34% em 2060, segundo previsão do próprio IBGE.
"Há hoje uma pressão dos mercados para elevar ainda lmais a idade para as aposentadorias pelo INSS em uma nova 'reforma previdenciária' , justamente sobre os trabalhadores mais pobres, sempre sem atingir as aposentadorias que custam proporcionalmente muito mais caras ao país. O presidente Lula já avisou que, mesmo em nome de um equilíbrio fiscal não irá fazer uma nova reforma no lombo do trabalhador, o que tornaria o envelhecimento no Brasil ainda pior", explicou a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio Kátia Branco.
Estatuto do Idoso
No Brasil, o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03) comemora 21 anos. Mais abrangente que a Política Nacional do Idoso (Lei 8.842/94), que dava garantias à terceira idade, o estatuto, além de ampliar direitos dos cidadãos com idade acima de 60 anos, também estabeleceu, pelo menos, 13 espécies de crimes contra a pessoa idosa.
O Estatuto garantiu avanços importantes como a distribuição gratuita de medicamentos pelo SUS e o transporte público também gratuito. No entanto, o país tem muito a avançar em relação à terceira idade.
Idosos endividados
Há de se ressaltar também o problema do endividamento dos aposentados, com empréstimos bancários consignados, que em função dos maiores juros do planeta praticados pelos bancos brasileiros, tornam a manutenção de uma melhor qualidade de vida dos idosos, ainda mais difícil. Isso quando aposentados não recorrem aos agiotas do mercado paralelo, colocando até suas vidas em risco.
Departamento dos Aposentados
A vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio, Kátia Branco, destacou a importância do Departamento dos Aposentados para bancários e bancárias da terceira idade.
"Nosso Sindicato tem um Departamento dos Aposentados justamente para ajudar a manter os companheiros e companheiras da terceira idade participando ativamente de festas, atividades e da vida política do nosso Sindicato e precisamos promover mais eventos para essas pessoas que dedicaram uma vida inteira ao trabalho e querem uma merecida vida mais digna", explica a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio, Kátia Branco.