Sexta, 26 Janeiro 2024 20:03

Fernanda Carisio conta como a categoria bancária construiu a Contraf-CUT

Aposentada do BB, Fernanda Carisio foi a primeira mulher a presidir o Sindicato dos Bancários do Rio e a CNB-CUT. Foto: Nando Neves. Aposentada do BB, Fernanda Carisio foi a primeira mulher a presidir o Sindicato dos Bancários do Rio e a CNB-CUT. Foto: Nando Neves.

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Imprensa SeebRio

Neste 26 de janeiro de 2024 em que se completam 18 anos de fundação da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, a Secretaria de Imprensa do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro entrevistou Fernanda Carisio, sobre a história desta poderosa entidade sindical. A dirigente lembra que estão na origem da Contraf-CUT, o Departamento Nacional dos Bancários (DNB-CUT), criado em 1985, e a Confederação Nacional dos Bancários (CNB-CUT), que o substituiu em 1992. A entidade passou a negociar nacionalmente com a Fenaban, até a fundação da Contraf-CUT em 2006. Fernanda é funcionária aposentada do Banco do Brasil e foi a primeira mulher a presidir o Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e a CNB-CUT. Vamos à entrevista.

BancáRio – Neste 26 de janeiro de 2024, a Contraf-CUT completa 18 anos de fundação. Qual a importância desta entidade sindical nacional para a categoria bancária e para toda a sociedade brasileira?

Fernanda Carisio – O movimento sindical bancário é uma referência para o movimento dos trabalhadores de todo o país, justamente por ter construído ao longo dos anos um movimento nacional. Somos a única categoria a dispor de uma Convenção Coletiva de Trabalho que abrange todos os bancários e financiários do país. E é a Contraf-CUT que mobiliza e organiza a categoria. E essa nossa organização tem-se feito presente não apenas nas lutas da categoria, mas no conjunto das lutas dos trabalhadores. Foram os bancários pioneiros, por exemplo, na luta em defesa das estatais, nas mobilizações pelo Fora Collor, nas campanhas contra as privatizações, na luta contra o fascismo do governo Bolsonaro e em importantes conquistas como o vale-refeição e alimentação, a extensão da licença-maternidade e da licença paternidade e na conquista da Participação nos Lucros e Resultados. E agora são novamente os bancários que têm servido de referência na construção de novas formas de garantia de sustentação das entidades sindicais como o auxílio assistencial a ser aprovado e garantido pelas assembleias quando da aprovação dos acordos coletivos.

BancáRio – Sabemos que a história da Contraf-CUT começou bem antes da sua criação, já que antecedendo a ela, veio a Confederação Nacional dos Bancários (CNB-CUT), da qual você foi a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente. Conte um pouco dessa história.

Fernanda Carisio – A história da Contraf-CUT tem início em 1985, quando às vésperas de uma greve nacional dos bancários é criado o Departamento Nacional dos Bancários, o DNB, buscando avançar na mobilização e organização da categoria que a então Contec (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Crédito), não satisfazia, contaminada que estava, ainda, pela presença de representantes dos sindicatos oriundos do período da ditadura militar. A reconquista dos sindicatos pelo movimento legítimo dos trabalhadores exigia uma nova organização nacional, combativa e capaz de fazer frente às lutas que a categoria enfrentava.

BancáRio – O DNB passa então a negociar nacionalmente pelos bancários?

Fernanda Carisio – Em 1987 pela primeira vez o DNB entrega a pauta de negociações à Fenaban credenciando-se como legítimo representante da categoria na mesa de negociação. Em 1989 o 1º Congresso do DNB elege Ricardo Berzoini como presidente. Em 1992, o 3º Congresso Nacional dos Bancários oficializa a transformação do DNB em CNB, a Confederação Nacional dos Bancários, e reelege Ricardo Berzoini presidente. Em 1994 Sergio Rosa é eleito presidente e reeleito em 1997. Durante esse período a CNB vai se firmando como legítima representante da categoria e rompendo na prática com as limitações impostas pela legislação que não a reconhecia como entidade sindical. O que aconteceu apenas no governo Lula. Em 2006 a categoria bancária, em congresso, funda a Contraf-CUT.

BancáRio – Você foi também a primeira mulher a presidir o Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro. Da mesma forma, a Contraf-CUT é presidida por uma mulher, Juvandia Moreira. O que estes fatos representam para o movimento sindical brasileiro?

Fernanda Carisio – No ano 2000 fui a primeira mulher eleita para presidir a CNB. Foi no meu mandato que conseguimos incluir na Convenção Coletiva de Trabalho a cláusula sobre igualdade de oportunidades. Agora temos mais uma vez uma mulher, a companheira Juvandia Moreira a presidir a nossa Confederação, agora, a Contraf-CUT. A presença cada vez mais expressiva das mulheres na categoria e em toda a sociedade no Brasil e no mundo, se reflete na nossa presença também na direção das entidades sindicais. Temos que enfrentar preconceitos para avançar nos diferentes espaços profissionais ou sociais, e acho que é essa força conquistada que se expressa também na direção das entidades sindicais.

Clique aqui para ler a matéria sobre o aniversário da Contraf-CUT.

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