Terça, 03 Agosto 2021 15:56

Retorno presencial só após negociação entre o Comando e a Fenaban

Mauro Salles, secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT Mauro Salles, secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT

Olyntho Contente

Foto: Nando Neves

Imprensa SeebRio

O retorno ao trabalho presencial somente irá ocorrer após serem estabelecidos critérios em negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). A informação foi dada pelo secretário de Saúde do Trabalhador da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Mauro Salles, durante palestra sobre o tema “Saúde do Trabalhador”, na abertura do Encontro Nacional dos Bancários do Bradesco, na manhã desta terça-feira (3/8).

A explicação foi necessária devido a denúncias da base da categoria de que gestores estão pressionando quem está em home office para o trabalho nas agências. “Há um elemento novo que é a pressão de gestores pela volta dos vacinados. Mas pelo acordo com a Fenaban a volta só acontecerá após serem estabelecidos critérios, mesmo assim de acordo com o desenrolar da pandemia. Esta negociação somente ocorrerá com uma sensível redução dos casos de contaminações e mortes”, afirmou.

Salles lembrou que este momento ainda parece distante, entre outros motivos pela lentidão da vacinação. “Para considerarmos a doença sob controle, precisaríamos ter vacinados de 70% a 80% da população. Chegamos a apenas 19%, o que nos leva a uma preocupação muito grande”, disse, afirmando que a a vacinação é tida como um importante parâmetro. “Este elemento está no nosso radar”, acrescentou. Citou a conquista da inclusão dos bancários entre as categorias prioritárias para a vacinação, o que, no entanto, não vem sendo respeitada por estados e prefeituras.

Avaliou que com a pandemia em situação crítica é fundamental criar protocolos a serem seguidos por todos os bancos. Até agora, estas medidas preventivas foram definidas em negociação banco a banco. “Os bancos encaminharam uma série de procedimentos únicos que estão sendo analisados pelo Comando e a resposta à Mesa da Covi-19”, adiantou. Ressaltou, ainda, ser importante fixar regras para o tratamento de casos de sequelas, como problemas respiratórios, neurológicos, psicológicos e renais.

Lembrou que apesar da pandemia, a cobrança de metas continuou sendo feita a todo vapor, mesmo em home office a com a economia estagnada. “Isso tem causado um impacto muito forte na saúde do trabalhador. O nível de afastamento por doenças psíquicas já era muito acima das outras categorias, antes mesmo da pandemia. Piorou. Agora temos que retomar esse debate, para acabar com o assédio moral para o atingimento de meta. A LER/Dort piorou também. O home office gerou muitas vezes o trabalho excessivo sem condições longe das ideais. Esses debates terão de voltar à pauta”, defendeu.

Acrescentou que assim que a pandemia começou no Brasil, o Comando Nacional dos Bancários negociou com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) normas de proteção. Foram assegurados rodízio, metade da categoria em home office, garantia de emprego e protocolos que foram extremamente importantes. “Esses cuidados se mantêm, pois, a pandemia não acabou. Outro movimento que a gente fez, foi vacina para todos e prioridade para os bancários”, argumentou.

Disse que o negacionismo do governo levou o país ao descontrole sobre a pandemia. E que é hora da categoria começar a enfrentar o projeto ultraneoliberal imposto por Bolsonaro. "Temos que lutar para mudar esta lógica que vem afundando o país e vitimando milhares de vidas", defendeu.

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