Sexta, 26 Abril 2024 18:47

Médico aponta causas do crescente adoecimento na categoria bancária

O médico ortopedista Antonio Alves cita fatos geradores do adoecimento. O médico ortopedista Antonio Alves cita fatos geradores do adoecimento.

Carlos Vasconcelos e Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

Nesta entrevista o médico Antonio Alves cita as principais causas para a disparada dos casos de adoecimento entre bancários e bancárias. Carioca, formado em Ortopedia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é do quadro do Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into), membro da Sociedade Latino-Americana de Ortopedia y Traumatologia (SLAOT) e da Societé Internationale de Chirurgie Orhopédique et de Traumatologie (SICOT). É ainda, um dos fundadores da Associação Médica Brasileira de Endocanabinologia. A entrevista foi concedida às vésperas do Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho, celebrado em 28 de abril, um momento de reflexão sobre questões relacionadas à prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais.

Imprensa SeebRio – Dados estatísticos mostram que tem crescido o número de doenças do trabalho. Por que o senhor acha que isto tem acontecido?

Antonio Alves – Existem várias razões para o aumento das doenças relacionadas ao trabalho. Entre elas, mudanças no ambiente de trabalho. Avanços tecnológicos e novos padrões de trabalho geram problemas ergonômicos e psicossociais, como má postura devido ao trabalho remoto. Outros fatores são a competitividade e a pressão por resultados, que levam a jornadas mais longas e estresse, contribuindo para esgotamento físico e mental. A falta de conscientização pode agravar a situação, já que os trabalhadores podem não estar cientes dos riscos à saúde ou não receber treinamento adequado sobre práticas seguras.Imprensa SeebRio – Há outros fatores envolvidos?

Antonio Alves – Condições de trabalho precárias, já que ambientes com segurança inadequada aumentam o risco de acidentes e doenças ocupacionais. Existem, ainda, fatores psicossociais: ambientes de trabalho tóxicos afetam a saúde mental dos trabalhadores.

Imprensa SeebRio – Quais as consequências das LER/Dort sobre a saúde do trabalhador?

Antonio Alves – As LER/Dort podem resultar em dor crônica, limitações funcionais, diminuição da qualidade de vida, absenteísmo, riscos de lesões graves, impacto financeiro e estresse.

Imprensa SeebRio– Que medidas preventivas podem reduzir os casos de LER/Dort nos locais de trabalho?

Antonio AlvesMedidas preventivas incluem avaliação ergonômica, treinamento em ergonomia, rotação de tarefas, modificação do ambiente de trabalho, pausas e alongamentos, programas de condicionamento físico, além da participação dos trabalhadores na gestão do estresse e monitoramento.

Imprensa SeebRio – Por que o número de trabalhadores bancários com doenças psíquicas tem superado o de casos de LER/Dorts?

Antonio Alves – Pressão por metas, ambiente competitivo, horários irregulares, insegurança no emprego, exposição a situações traumáticas e falta de apoio são razões para o aumento de doenças psíquicas.

Imprensa SeebRio – Falta uma política preventiva por parte de governos e empresas para reduzir o problema de acidentes e doenças do trabalho?

Antonio Alves – A falta de políticas preventivas ocorre devido à falta de conscientização, custos iniciais, regulamentação inadequada, cultura de segurança fraca e falta de recursos e capacitação. Governos e empresas devem adotar políticas robustas e reconhecer os benefícios de um ambiente de trabalho seguro. Isso pode incluir fiscalização eficaz para garantir o cumprimento das leis, incentivos financeiros para empresas que investem em segurança e saúde no trabalho e programas de conscientização e capacitação.

Imprensa SeebRio – Um ambiente seguro é positivo para o empregador?

Antonio Alves – Sem dúvida. As empresas precisam reconhecer os benefícios de um ambiente de trabalho seguro e saudável, que incluem maior produtividade, menor rotatividade de funcionários, redução de custos relacionados a acidentes e doenças do trabalho e melhor reputação da empresa. Investir em medidas preventivas não é apenas uma responsabilidade ética, mas também uma decisão inteligente do ponto de vista empresarial.

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