Sexta, 28 Março 2025 14:35
CONQUISTA DAS BANCÁRIAS

Bancárias apresentam programa “Mais Mulheres na TI” à ministra, em Brasília

Dirigentes sindicais bancárias na reunião com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, em Brasília: elogios ao programa conquistado pela categoria  Dirigentes sindicais bancárias na reunião com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, em Brasília: elogios ao programa conquistado pela categoria Foto: Contraf-CUT

 

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Com informações da Contraf-CUT

Bancárias do movimento sindical apresentaram, na quinta-feira (27/3), o programa "Mais mulheres na TI", para a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, em Brasília. A iniciativa é uma conquista da categoria obtida na última campanha nacional de renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). O programa garante dois cursos financiados pelos bancos, de capacitação de mulheres na área tecnológica, com prioridade às negras, portadoras de deficiência, mães e trans.

Programa para bancárias 

São 3.100 bolsas de estudos, sendo 3.000 da escola PrograMaria e 100 da escola Laboratória. Para realizarem os cursos, as candidatas não precisam ter conhecimento prévio na área de tecnologia da informação. A diferença entre os cursos são carga horária e áreas de aprendizado. A primeira fase de inscrições já se encerrou. 

Adriana Nalesso, presidenta da Federa-RJ (Federação das Trabalhadoras e Trabalhadores no Ramo Financeiro no Estado do Rio de Janeiro), falou da importância do programa conquistado pela categoria para a inserção das mulheres na área de TI (Tecnologia da Informação).

“A tecnologia é um dos grandes desafios dos trabalhadores no mercado de trabalho e, em função de não termos mecanismos que criam oportunidades para as trabalhadoras, o programa conquistado pela categoria é muito relevante, até porque no setor de TI, as mulheres perderam muitas oportunidades por não terem acesso à essa formação”, destacou.

“Não apenas empresas devem criar estes programas, como o que conquistamos junto aos bancos, mas garantir o acesso das mulheres às profissões e áreas tecnológicas precisa ser uma política de estado”, concluiu Adriana, que participou da reunião na capital federal.

Discriminação na categoria

A secretária da Mulher da Contraf-CUT, Fernanda Lopes, ressaltou que essa conquista só foi possível por conta das mesas de negociação "Igualdade de Oportunidade", formada por representantes sindicais e por representantes dos bancos, que está prestes a completar 24 anos de existência.

"Quando olhamos os dados [de gênero] da categoria, verificamos que, de 2020 para cá, 96% dos postos de trabalho fechados no setor nosso, financeiro, foram de mulheres. Isso é muito grave", observou Fernanda.

A área de atuação que mais cresce nos bancos é a da tecnologia, mas levantamento do movimento sindical revelou queda na contratação de mulheres: elas passaram de 31,90%, em 2012, para 25,20% em 2023, na representação do total de profissionais desta área nos bancos. No recorte de raça, o quadro é ainda pior: em 2023, as mulheres negras representavam apenas 6,1% do total de funcionários de TI das instituições bancárias.

"Nós, mulheres, estamos alijadas desse espaço. E, na nossa categoria, desde que teve a pandemia, tivemos um aumento no número de trabalhadores na área de TI, porém, só 25% são mulheres. Das pessoas que se graduaram recentemente em Ciências de Dados, só 20% são mulheres. E nem todas elas ficam no mercado de TI. E nós sabemos as razões disso: a tripla jornada, cuidado com os filhos e o ambiente de trabalho predominantemente masculino”, explicou a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Neiva Ribeiro, que também é presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo (Seeb-SP).

Elogios da ministra

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, parabenizou as bancárias pela iniciativa. “Acho que vamos conseguir fazer uma grande diferença. Para começar, temos de dar um primeiro passo. Hoje são 3.100, daqui a pouco serão 6.200, até a hora que teremos todas as mulheres do Brasil para estarem ou não saírem destes espaços”, destacou. A porta-voz da pasta também apresentou o Programa “Asas Para o Futuro”, que também incentiva a inserção de mulheres nas áreas de tecnologia, energia, infraestrutura, logística, transportes, ciência e inovação, e com prioridade às candidatas em situação de vulnerabilidade socioeconômica, negras e indígenas.

 

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