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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Como já era esperado pelo mercado financeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), voltou a elevar a taxa básica de juros, em 1%, levando índice a 14,25% ao ano. A medida confirma o Brasil como um dos países com as maiores taxas de juros do mundo. A decisão eleva a dívida pública, inibe o crédito para empresas do setor produtivo investirem em seus negócios e gerarem mais empregos e aumenta o endividamento das famílias brasileiras.
Nada mudou
A cada 1% de aumento na Selic, o gasto com a dívida pública da União cresce R$ 55 bilhões, segundo dados do próprio BC.
Na avaliação do movimento sindical, a mudança na presidência da instituição – saiu Roberto Campos Neto e entrou Gabriel Galípolo – e na maioria da diretoria agora indicada pelo governo Lula, não alterou a política monetaria do Copom (Comitê de Política Monetária).
"Mudou o presidente do BC, mas não a política monetária do Copom. Os juros continuam altíssimos prejudicando os investimentos do setor produtivo e a geração de empregos”, criticou o presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, José Ferreira, durante o protesto das centrais sindicais contra os juros altos e em defesa da geração de mais e melhores empregos na última terça-feira (18), mesma data em que o BC elevou a Selic.
BC não convence sociedade
A justificativa dos membros do BC de que a inflação, com a alta no preço dos alimentos e da energia, explica a decisão não convenceu os trabalhadores e a sociedade.
Para o vice-presidente da Contraf-CUT, Vinícius Assumpção, o discurso único do Copom para manter a taxa de juros elevada no país vem colocando em xeque a imagem da entidade.
“Fica cada vez mais claro que não temos autonomia do Banco Central. Porque, se houvesse, o país não estaria hoje sofrendo com esse índice da Selic, proibitivo para o crescimento, para o desenvolvimento econômico, para o trabalhador e que faz com que vivamos em um país onde a gente financia um carro e tem que pagar por dois ou três, ainda que levando apenas um para casa, porque os juros são criminosos. E isso impacta em todo o desenvolvimento econômico, até mesmo para que as empresas se estabeleçam e cresçam", explicou Vinícius.
O custo da decisão
Quase metade de tudo o que o Brasil produz e trabalha é para pagar os juros aos bancos da dívida. Segundo levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), em 2023, a União pagou R$732 bilhões com juros dos títulos da dívida. Este valor corresponde a 4,3 vezes os investimentos do Bolsa Família, 8 vezes o montante destinado às obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) voltadas para a expansão da logística e infraestrutura, além de 3,3 vezes o orçamento para a saúde pública e 5 vezes as verbas destinadas a educação.
Ganham os bancos, perdem a sociedade, os trabalhadores, o setor empresarial produtivo e o país. Os sindicatos acusam os bancos de sabotarem o esforço do governo Lula para garantir a retomada do desenvolvimento econômico do Brasil.