Terça, 18 Março 2025 18:13
A RESPOSTA DA DEMOCRACIA

Universitário de 18 anos entra para história ao estampar slogan Sem Anistia durante ato de Bolsonaro

Imagem da foto na janela da residência de João Pedro Fagundes, na Avenida Atlântica, registrada pelo fotojornalista Alexandre Cassiano, viralizou nas redes sociais e repercutiu no mundo inteiro. João falou com exclusividade ao Jornal Bancário na última segunda-feira (17).
SEM ANISTIA - A foto de Alexandre Cassiano, do Globo, registrando a frase 'Sem Anistia' na residência de João Pedro, durante ato de Bolsonaro em Copacabana repercutiu no mundo inteiro SEM ANISTIA - A foto de Alexandre Cassiano, do Globo, registrando a frase 'Sem Anistia' na residência de João Pedro, durante ato de Bolsonaro em Copacabana repercutiu no mundo inteiro Foto: Alexandre Cassiano/O Globo

 

Carlos Vasconcellos 

Imprensa SeebRio 

O ato liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, no último domingo (16), que reuniu governadores e parlamentares aliados e cerca de 18 mil pessoas pedindo anistia para os políticos e militares que planejaram o golpe de estado e culminou com os atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023, não esperava por uma resposta tão rápida e eficiente em defesa da democracia e pela prisão dos golpistas. 

O estudante da UFRJ, João Pedro Fagundes, de apenas 18 anos, estendeu na janela de sua residência, na Avenida Atlântica, a frase "Sem Anistia". 

O que os organizadores do evento e Bolsonaro não esperavam e talvez o autor da façanha também não imaginava é que sua ação seria registrada pelo fotojornalista Alexandre Cassiano, do jornal O Globo, e viralizasse nas redes sociais, rodando o mundo inteiro. 

A imagem da foto emblemática na imprensa mostra a frase "Sem Anistia" logo acima da cabeça de Bolsonaro, quando o ex-presidente discursava num carro de som, ao lado das bandeiras do Brasil e dos EUA. 

Em matéria da Folha de SP, a madrasta de João (que pediu para não se identificar) revelou que o estudante começou a colocar os dizeres ainda no sábado (15) e só terminou a ação na madrugada do dia da manifestação bolsonarista.  

João relata a sua experiência 

Em depoimento exclusivo para o Jornal Bancário do Rio de Janeiro, na última segunda-feira (17), João relatou a experiência pessoal e a repercussão de sua atitude.

Jornal Bancário - Como surgiu a ideia e porque você decidiu colocar os dizeres na janela de sua residência?

João Pedro Fagundes - A ideia surgiu da vontade de mandar um recado aos golpistas e seus apoiadores de que o povo brasileiro não vai esquecer a tentativa de violar nossa democracia. Foi uma forma que pensei de mostrar aos presentes na manifestação que existem muitos outros brasileiros não dispostos a aceitar o esquecimento [da tentativa de golpe de estado]. 

Bancário - Você esperava o registro do fotojornalista do Globo e imaginava que o fato tivesse tanta repercussão e viralizasse nas redes sociais? 

João - Confesso que não esperava o registro do talentosíssimo Alexandre Cassiano, tampouco que iria tomar a proporção que tomou. Fiquei muito feliz de ter tido todo esse alcance, para muitos brasileiros poderem também se sentirem representados pela ação. 

Bancário - Que mensagem você daria à parcela da juventude que não viveu as arbitrariedades do regime militar, mas ainda assim defendem a volta da ditadura? 

João - É preciso que estudemos nosso passado para não cometermos os mesmos erros. Que possamos aprender com aqueles que dedicaram suas vidas em prol da liberdade e da democracia. Sei da distância temporal - nem tão grande assim - mas é preciso analisarmos o contexto e hoje defendermos a democracia. Assim como o grandioso Pepe Mujica [ex-presidente do Uruguai] nos ensina; "A democracia não pode ser perfeita porque os humanos não são perfeitos. Mas, até agora, não encontramos um sistema melhor. Cuidem dela". 

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