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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
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Imprensa SeebRio
Em matéria publicada em seu site, a CUT, a maior central sindical brasileira, condenou as afirmações feitas pelos ‘especialistas do mercado financeiro’, porta-vozes dos bancos e outros grandes especuladores, que criticaram o aumento da oferta de empregos no Brasil. Segundo o ‘mercado’ mais vagas aquecem a economia, aumentando o consumo, gerando inflação.
“Que o mercado financeiro visa o lucro não é segredo para ninguém, mas cada vez mais a ganância está sendo explicitada sem nenhum pudor. Tem sido comum ler e ouvir na imprensa tradicional as opiniões de banqueiros, CEOs e agentes do grande capital criticando o crescimento da economia do Brasil - o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3,4% no ano passado - e, em especial, o aumento de vagas de emprego e o aumento da renda do trabalhador”, afirmou a CUT.
Desemprego despenca – A central sindical lembrou que o ano de 2024 fechou com índice de desemprego em 6,6%, o menor dos últimos 12 anos. Acrescentou que o país bateu recorde de pessoas ocupadas, com mais de 103,3 milhões na média do ano, e que juntas ganharam aproximadamente R$ 328,9 bilhões por mês na média anual, também a maior massa de rendimentos reais da série histórica.
“Até mesmo a liberação de R$ 12 bilhões do saldo do FGTS que estava retido para os trabalhadores e trabalhadoras que optaram pelo saque-aniversário entrou no radar dos investidores. A medida, segundo esses analistas ouvidos pelo Poder 360, tem potencial de impacto no PIB e na inflação”, lembrou a CUT. Mas frisou que, no ano passado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país ficou em 4,83%.
Contrassenso – Também se colocou contra a argumentação dos bancos, o Dieese (Departamento de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Embora num sistema capitalista seja normal quando há maior consumo haver aumento de preços, a diretora-técnica do órgão, Adriana Marcolino criticou o posicionamento desses analistas econômicos. Para ela é um contrassenso, um mundo invertido, em que um país que gera emprego é avaliado como em uma situação de crise.
Os ‘agentes financeiros’ alegam que com o mercado aquecido, o salário cresce acima da produtividade e contribui para pressão sobre inflação de serviços. Mas Adriana Marcolino alertou que para a produtividade do trabalho no Brasil crescer é preciso investimentos na indústria, melhorar os processos produtivos e, não é só a qualificação dos trabalhadores. “Mas com arrocho, com uma pressão para uma política fiscal mais austera é muito difícil que se consiga superar o problema da produtividade, porque de onde viriam os investimentos para a infraestrutura para quê, de fato, se aumente essa produtividade?”, questionou.
“Então, não existe só o problema da produtividade, mas também a taxa de juros que põe um limite muito grande para qualquer investimento no país”, explica Adriana Marcolino.
No entanto, dentre as análises de agentes financeiros, a que mais defendem são os juros cobrados pelo Banco Central (Selic), que hoje estão em 13,25%, com possibilidade de chegar em 15% ainda este ano. Na análise dos boletins do Banco Central que antecedem ao anúncio da taxa de juros, também há uma “preocupação” constante: o índice de emprego tem de cair para conter a inflação. Por diversas vezes, o ex-presidente do BC, Campos Neto, criticou o aumento do emprego no país.