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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
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Imprensa SeebRio
Importante área verde do Centro da Cidade – local de manifestações históricas, de centrais sindicais e diversos sindicatos, como o dos bancários, de assembleias massivas contra a privatização do Banerj e de atividades de partidos de esquerda – o Buraco do Lume está sob a ameaça de ser enterrado por um enorme espigão de 20 andares, a ser construído. A informação é do site Diário do Rio.
A publicação explica que a Prefeitura do Rio sempre negou a transação, mas, agora diz estar estudando o caso, o que vem gerando um enorme desgaste para Eduardo Paes. “O X da questão vem agora. O terreno arborizado e seu entorno têm um significado histórico e político profundo, e a possibilidade de um edifício privado se erguer ali gerou uma onda de resistência”, explica o site especializado.
Para Ronald Carvalhosa, diretor do Sindicato dos Bancários do Rio, há uma importante questão politica envolvida. “O Buraco do Lume se tornou um ponto tradicional da esquerda. O pessoal faz prestação de mandatos parlamentares todas as sextas-feiras; tem a estátua da Marielle. Portanto, este projeto é um ataque aos partidos de esquerda e à organização popular”, alertou.
Disse que há também um problema econômico, pois todos sabem que o Centro está cheio de prédios vazios. “Principalmente depois da pandemia, várias empresas entregaram andares inteiros por conta do home-office. Este projeto é tão descabido que até os empresários estão contra. Se já estão com dificuldade de alugar e vender o que já tem para que construir mais? O Centro está precisando de um projeto da Prefeitura de revitalização com aumento da segurança e de áreas verdes”, disse.
Desgaste – Em sua matéria o Diário do Rio acrescenta: “O projeto está em fase de análise, o que foi confirmado pelo Diário do Rio. Em nota enviada à redação, o gabinete do prefeito Eduardo Paes (que inclusive já se pronunciou claramente no passado contra a construção de um prédio na praça), informou que “se aprovado, deverá seguir a legislação em vigor […] Além disso, os órgãos responsáveis pelo entorno de bens tombados serão consultados durante o processo”.
“Ou seja”, segue o texto, “parece que o alcaide mudou de ideia, não sem antes aprovar – o fez no Reviver Centro 2 – um projeto que transformou o terreno em Área de Gabarito Ilimitado: numa faixa imaginária que contém o Lume, o construtor pode sonhar e submeter projetos de qualquer altura. Mas que pensam os urbanistas sobre isso? Consultamos o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade – IRPH, responsável pelo patrimônio cultural da cidade, que preferiu não comentar o polêmico assunto”.
Paredão – Este terreno é basicamente o que resta desocupado do antológico Morro do Castelo, onde nasceu a cidade. Nunca teve uso privado de ninguém, e se tornou privado por linhas transversas. Era uma área pública que foi desmembrada e vendida pelo extinto Banco do Estado da Guanabara (BEG) e acabou jamais sendo efetivamente paga, pois quem prometeu comprar e pagar – o extinto Grupo Lume – faliu antes de quitar o pagamento originalmente combinado. Depois disso, o Estado e a Prefeitura sempre bloquearam a edificação no local, que acabou sendo adquirido num leilão por um investidor imobiliário.
Em dezembro do ano passado, o Diário do Rio revelou a existência de um mega projeto, que estava em fase de liberação, a ocupar finalmente o jardim em frente ao Terminal Garagem Menezes Côrtes, onde antes existia uma construção inacabada, tombado e posteriormente convertido em parte da praça pública. O projeto seria de um edifício residencial, com quitinetes — seguindo a nova tendência imobiliária do Centro — e lojas na fachada, algo exigido em novos empreendimentos por lá, as chamadas “fachadas vivas”.
A proposta – controversa – de erguer um paredão no local é vista por alguns como parte das iniciativas de revitalização do Centro, uma área que a prefeitura tem se esforçado para reabilitar nos últimos anos, promovendo o uso misto de espaços com lojas no térreo para dinamizar a região. Mas a que custo?
Buraco do Lume - Uma área que foi um “buraco” durante várias décadas devido a um projeto falido da empresa LUME, passou a ser um jardim, parte da Praça Mário Lago (antiga Melvin Jones), das áreas mais simbólicas da luta política e social no Centro do Rio. No final de 2022, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) liderada pelo deputado Rodrigo Amorim, aprovou o destombamento do terreno, permitindo que ele fosse transformado em um espaço para construção de um grande edifício residencial, o que foi visto por ele como uma tentativa de aproveitar melhor a área sob a ótica do planejamento urbano. Mas ainda havia entraves na prefeitura, e uma postura dela contrária ao projeto. Para uns, reviver o Centro justifica qualquer coisa. Para outros, é um sacrilégio.
Washington Fajardo, aliado de primeira hora do Prefeito Eduardo Paes. Para Fajardo, esta “sempre foi a orientação da administração Eduardo Paes em seus três exitosos mandatos e são o espírito do Porto Maravilha e do Reviver Centro.” Mas para o arquiteto que gestou a legislação do Reviver Centro, “nunca subtraindo as amenidades ambientais da área. Um grande desafio do Centro é a apropriação do espaço público pela população, que precisa ser cada vez mais organizado, seguro e verde.” E é aí que a história vira: “é urgente que o Ministério Público analise as questões fundiárias envolvidas nesta faixa de terra que é um remanescente direto do Morro do Castelo, cujas apropriações do extinto Banco do Estado da Guanabara e posterior venda mal concretizada pela falência do grupo adquirente necessitam de um due diligence, que é a verificação fina documental e registral, em perspectiva histórica”, cita, demonstrando que a necessidade de atrair moradores para a região deve ter certas limitações.
A secretária de Meio Ambiente e Clima do Rio – além de arquiteta e urbanista – Tainá de Paula se manifestou também contra o uso do terreno para a construção do empreendimento. Para ela, a destinação de parte da praça para um edifício privado não é razoável, especialmente em uma área já densamente ocupada. Tainá defende a requalificação de imóveis e terrenos ociosos, e não o uso de espaços públicos para fins privados.
(Leia matéria completa clicando aqui: https://diariodorio.com/area-verde-do-buraco-do-lume-vai-virar-paredao-novo-espigao-gera-polemica/)