Segunda, 15 Abril 2024 18:14
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Categoria cobra dos bancos um ambiente de trabalho saudável

Comando Nacional apresenta pesquisa que mostra a política desumana de metas e a sobrecarga como principais causas de doenças ocupacionais. Tema será uma das prioridades da Campanha Nacional da categoria em 2024
É cada vez maior o número de bancários que sofrem com doenças psíquicas, causadas pela pressão por metas desumanas É cada vez maior o número de bancários que sofrem com doenças psíquicas, causadas pela pressão por metas desumanas

O Comando Nacional dos Bancários, juntamente com o Coletivo Nacional de Saúde, apresentou à Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), dados alarmantes da pesquisa sobre a situação do adoecimento da categoria bancária, em reunião realizada na quinta-feira (11). Os números apresentados são da pesquisa “Avaliação dos Modelos de Gestão e das Patologias do Trabalho Bancário”, realizada pela Secretaria de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, em colaboração com pesquisadores do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UNB).

Modelo que adoece

Segundo a pesquisa, o atual modelo não apenas dita as condições laborais, mas também é identificado como uma causa de psicopatologias, que afeta os laços sociais dos funcionários, com adoecimento e agravos à saúde mental.
A coordenadora da pesquisa, doutora Ana Magnólia Mendes, explicou que “as doenças psíquicas na categoria estão diretamente relacionadas a discursos e práticas de controle, caracterizadas pelo foco nas metas, o controle exacerbado, a despersonalização dos trabalhadores, a presença de uma hierarquia rígida e o uso de ‘ameaças’ como ferramentas de gestão". A especialista aponta que a presença intensa de relações "produtivistas" intensifica a sobrecarga no trabalho e o adoecimento dos trabalhadores.
“Essas relações produzem as patologias da violência e da sobrecarga, como o cansaço, o desgaste, a sobrecarga, a frustração, a desmotivação, a falta de liberdade de expressão e de opções no trabalho, além de indiferença entre colegas e desconfiança entre chefia e subordinados, as quais aumentam a presença de sintomas de adoecimento marcados por características de transtornos ansiosos”, completou Magnólia.
O estudo contou com a participação de 5.803 bancários em todo o Brasil e revelou a presença intensa de fatores de risco do trabalho bancário, bem como uma alta ocorrência de sintomas de adoecimento entre os trabalhadores.
O presidente do Sindicato do Rio José Ferreira, que faz parte do Comando Nacional e participou do encontro em São Paulo, destacou a necessidade de a categoria se organizar para mudar estes paradigmas e um modelo de imposição de metas que adoece cada vez mais bancárias e bancários.
"Mostramos aos bancos com números e um embasamento científico que este modelo de gestão, de imposição de metas desumanas, prática de assédio moral e incentivo à competição individual entre trabalhadores só tem feito aumentar o número de bancários adoecidos. Cobramos um ambiente de trabalho saudável e coletivamente solidário, o que seria muito mais produtivo e garantiria a saúde dos funcionários", disse José Ferreira.
"Será fundamental a participação da categoria na Campanha Nacional, em que temos este ano o desafio da renovação da Convenção Coletiva de Trabalho, para acabarmos com essa política de metas abusivas e garantirmos condições dignas de saúde e de trabalho para todos os bancários e bancárias", acrescentou Ferreira. Com a promessa dos bancos de apresentar uma resposta às demandas de saúde da categoria no último encontro, mais uma vez adiada, os sindicalistas consideraram a postura dos bancos frustrante e inaceitável. A próxima reunião deve ser marcada ainda para este mês de abril.
“É cada vez maior o número de bancários com doenças psíquicas, que já superam as LER/DORTs. Os bancos adoecem bancários e ainda demitem irregularmente estes trabalhadores”, criticou o diretor executivo da Secretaria de Saúde, Edelson Figueiredo.

Os números da pesquisa

• 80% dos trabalhadores do ramo financeiro declaram ter tido pelo menos um problema de saúde relacionado ao trabalho nos últimos 12 meses.
• Deste total, quase metade está em acompanhamento psiquiátrico.
• O principal motivo declarado para buscar tratamento médico foi o trabalho.
• Entre os que estão em acompanhamento psiquiátrico, 91,5% estão utilizando medicações prescritas pelo psiquiatra
• 64,4% entre os que estão em outros tipos de acompanhamentos médicos tomam medicação prescrita

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