Sexta, 16 Fevereiro 2024 20:50

Fantasma da venda ronda novamente o prédio do BB-Sedan

Prédio do BB-Sedan. Foto: Agência Brasil Prédio do BB-Sedan. Foto: Agência Brasil

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Imprensa SeebRio

O mais conhecido imóvel do Banco do Brasil no Rio de Janeiro, localizado na Rua Senador Dantas, 105, pode estar para ser vendido. Em reunião com dirigentes do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB), na tarde desta sexta-feira (16/2), representantes do banco, questionados, não afastaram esta possibilidade. O encontro foi convocado para explicar o que está sendo feito no imóvel desde que teve a maioria dos andares esvaziados, por conta de um curto-circuito no 36º andar, no dia 25 de janeiro.

Desde aquela data o prédio foi quase inteiramente evacuado, segundo o BB, por medida de prevenção. Continuam funcionando, apenas, as agências do subsolo e térreo, e o terceiro e quarto andares. Os representantes do BB disseram aos dirigentes bancários – Fernanda Lopes, coordenadora da CEBB, Rita Mota, dirigente do Sindicato e da Comissão e Júlio Cesar Castro, também diretor do Sindicato e a ex-presidente da entidade, Fernanda Carísio – que foi contratada uma empresa para fazer um levantamento sobre as condições do Sedan, como é conhecido o imóvel, e produzir um laudo técnico, a partir do qual a diretoria do banco irá definir o que fazer com o prédio. Acrescentaram que o laudo será conhecido já na próxima semana.

Fernanda Carisio perguntou se a venda estava sendo considerada. Um dos representantes do BB não descartou a possibilidade. O prédio é um dos mais bem localizados do Centro da Cidade, com acesso rápido a todos os bairros, próximo a duas estações do Metrô, com 42 andares, dois de estacionamento, heliporto, além de uma das mais belas vistas cariocas, com a Baía da Guanabara e o Pão de Açúcar ao fundo.

Denúncias impediram leilão

Embora esta situação aconteça em um novo governo e numa nova gestão do BB, a possibilidade da venda trouxe de volta à memória a tentativa fracassada do governo Jair Bolsonaro de leiloar o prédio às pressas no dia 20 de dezembro de 2022. A transação só não se realizou devido às denúncias e contatos com parlamentares feitos pelo Sindicato dos Bancários do Rio, depois pela Contraf-CUT, CEBB e todo o movimento sindical bancário.

Com as denúncias o link do leilão, bem como todas as informações do edital foram retiradas do ar do dia 8 para o dia 9 de dezembro. Mas muitas perguntas continuam sem respostas, entre elas, porque a venda do prédio se realizaria a 10 dias da posse do novo governo, às pressas, portanto. Uma informação que reforçava esta estranheza é que a data do leilão foi definida em 28 de novembro, portanto, após o resultado das eleições do segundo turno, com a derrota de Jair Bolsonaro.

Outra indagação não respondida à época é sobre a suspeita de conflito de interesses do negócio já que o ministro da Economia, Paulo Guedes, foi um dos sócios-fundadores do BTG Pactual e o banco privado aparecia como proprietário do Condomínio Ventura Corporate, alugado pelo BB, e para onde foram transferidas as dependências do Sedan e da Asset Management (ex-BBDTVM).

Guedes se esquivou

Em 2020, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), atualmente presidenta do PT, solicitou explicações ao então ministro da Economia “acerca da venda da sede do Banco do Brasil” e também sobre “posterior locação, supostamente antieconômica de outro espaço”, pertencente ao BTG Pactual. A parlamentar questionou os “critérios técnicos” utilizados para as duas manobras e cobrou explicações econômicas, chamando a atenção sobre a vinculação de Guedes com o BTG.

As perguntas encaminhadas pela deputada federal foram respondidas de forma evasiva pelo ministro de Bolsonaro, em ofício enviado à Câmara. Na verdade, ele repassou para a parlamentar, documento em que a própria diretoria do BB tentava explicar a transação. O documento dizia que a medida seria para manter a ‘competitividade em condições de igualdade’ do BB com os demais agentes financeiros, mas sem trazer subsídios técnicos e econômicos.

Para Rita Mota, independentemente da decisão a ser tomada, é fundamental que haja transparência. “É importante que se dê todas as informações sobre o processo de levantamento das condições estruturais do prédio, que se levante os custos de uma modernização do Sedan, mas também o gasto com uma mudança que envolve toda uma estrutura que comporta mais de 600 funcionários e 300 terceirizados”, disse. Para a dirigente a diretoria do BB tem que fazer o que for melhor para o patrimônio do banco e para seus funcionários e mostrar tecnicamente isto.

 

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