EXPEDIENTE DO SITE
Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
O setor empresarial do Agronegócio é responsável pela maior parte do calote no Banco do Brasil, levando a instituição a uma queda brusca nos lucros
Foto: Divulgação
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O Banco do Brasil (BB) registrou forte queda no lucro do terceiro trimestre de 2025. De julho a setembro, o lucro líquido ajustado somou R$ 3,785 bilhões, recuo de 60,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os resultados foram divulgados na noite desta quarta-feira (12).
Segundo a diretoria da instituição, o desempenho foi impactado principalmente pelo aumento da inadimplência, com destaque para o setor do agronegócio, além de “mudanças contábeis decorrentes de uma resolução recente do Conselho Monetário Nacional (CMN)”. A norma alterou critérios de contabilização das instituições financeiras, o que também influenciou o resultado.
Nos nove primeiros meses de 2025, o banco acumulou lucro de R$ 14,943 bilhões, queda de 47,2% na comparação com o mesmo período de 2024. Em todo o ano passado, o BB havia registrado lucro recorde de R$ 37,9 bilhões. Em relação ao trimestre anterior, de abril a junho, o lucro ficou praticamente estável — R$ 3,784 bilhões.
O diretor executivo de Bancos Públicos do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Alexandre Batista, atribui a piora dos resultados ao aumento da inadimplência no agronegócio. “O nível de inadimplência do Agro continua afetando os resultados do banco, aliado à questão do enquadramento contábil, cujos ajustes escalonados não foram feitos e agora impactam de forma contundente o resultado”, explicou.
Para o dirigente sindical, o problema reflete falhas na gestão de risco do banco. “Enquanto a Gestão de Risco tem relação direta com o resultado seguidamente decrescente, a Gestão de Varejo mantém políticas de metas inatingíveis e programas distorcidos que adoecem o funcionalismo e resultam em PLRs cada vez menores”, criticou.
O Plano Safra 2025/2026 destinou R$ 516,2 bilhões em crédito para grandes empresas do setor do agronegócio. Pelos ganhos da agricultura empresarial, nada justifica o calote dos latifundiários ao BB. Enquanto isso, a agricultura familiar conta com um volume bem menor de recursos. O Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) prevê R$ 89 bilhões para pequenos e médios produtores — responsáveis pela maior parte dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros, já que o agronegócio é voltado majoritariamente à exportação.