Sexta, 02 Agosto 2019 23:28
UNIDADE E RESISTÊNCIA

Luta pelos direitos, soberania e democracia são destaques na abertura da Conferência Nacional

Bancários de todo o Brasil participam da 21ª Conferência Nacional, em São Paulo, para debater os principais desafios da categoria e demais trabalhadores diante de uma das conjunturas mais adversas da história do país Bancários de todo o Brasil participam da 21ª Conferência Nacional, em São Paulo, para debater os principais desafios da categoria e demais trabalhadores diante de uma das conjunturas mais adversas da história do país Carlos Vasconcellos

A luta contra os ataques aos direitos trabalhistas, à organização coletiva de luta dos trabalhadores, ao patrimônio público e à democracia feitos pelo governo arbitrário e ultraliberal do presidente Jair Bolsonaro, estão entre os principais itens que nortearam a abertura solene da 21ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada na quadra do Sindicato de São Paulo, na sexta-feira, dia 2 de agosto. A necessidade de unidade e capacidade de resistência dos trabalhadores foi abordada pelos participantes do evento.

A defesa do estado democrático de direito e dos interesses do povo brasileiro também foram destaques na Conferência cujo lema é “Nossa Luta é pela soberania nacional, democracia, direitos e contra as privatizações”.

Interesses internacionais

O presidente da CUT Nacional, Vagner Freitas, disse que o povo brasileiro não teve culpa da decisão nas eleições presidenciais de 2018 porque foi induzido pela mídia e pelos fakes news nas redes sociais a eleger o atual governo.

“O povo foi levado a acreditar em propostas absurdas como liberar armas, fechar o STF, o Congresso Nacional e acabar com a democracia, elegendo um líder de quinta categoria como Bolsonaro. A mídia e a burguesia criaram este monstro. Está sendo destruída a indústria nacional e a soberania do nosso país por um governo que se curva aos interesses da economia norte-americana”, disse.

Ataques à democracia

Vagner criticou também os ataques de Bolsonaro à democracia.

“Esta Conferência este ano não vai reivindicar índices de reajuste - destacou, referindo-se às reivindicações garantidas pelo acordo de dois anos feito pela categoria – mas sim a defesa da democracia”, destacou, defendendo  a liberdade do presidente Lula. O slogan “Lula Livre” foi entoado seguidas vezes pelos participantes da Conferência. Defendeu ainda a solidariedade ao presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, em relação as declarações do presidente Bolsonaro, que insinuou sobre a morte do pai do advogado, Fernando Santa Cruz,  durante a ditadura militar.   

“Esta conferencia é também em defesa da democracia. Queremos saber não somente do que aconteceu com Santa Cruz, mas também onde estão todos aqueles que lutaram contra a ditadura e pela democracia. O Brasil não pode aceitar que o presidente faça uma declaração desumana como essa, que desrespeita as famílias, as pessoas”, criticou. 

Dá para reverter

O presidente da CUT lembrou que através da mobilização popular ainda é possível derrotar os projetos do governo que prejudicam os trabalhadores.

“Eles conseguiram aprovar em primeiro turno a reforma da Previdência, mas a grande derrota econômica do governo e dos banqueiros foi não conseguir viabilizar o sistema de capitalização privada e isto foi fruto da luta dos trabalhadores. Enfrentamos uma guerra de comunicação, mas temos chance de reverter esta conjuntura”, acrescentou.

Declarou que o ministro da Justiça, Sérgio Moro tem de ser afastado imediatamente de suas funções, após o vazamento dos diálogos com membros do Ministério Público Federal que compravam que a prisão de Lula foi fruto de uma trama política.  

“Ele não pode conduzir uma investigação contra ele mesmo. Moro e Dalagnol têm o direito de defesa como qualquer cidadão. Mas estão diante de graves acusações, inclusive de enriquecer ilicitamente”, disse.

“O povo brasileiro tem capacidade de lutar. Convocamos todos para no dia 13 de agosto ir às ruas pela educação, contra reforma da Previdência e pela democracia”, concluiu.

Assassinato de Marielle

A presidenta da Contraf-CUT,  Juvandia Moreira, lembrou da morte da vereadora do PSOL, Marielle Franco, que faria 40 anos e do fato de que os autores do crime ainda não foram identificados e presos e também da travesti assassinada em São Paulo no período eleitoral de 2018. A sindicalista também criticou a prisão de Lula.

“Lula está preso em nome do ódio e da ganância dessa elite do atraso que não tem compromisso com esse povo, que discrimina os paraíbas, os baianos, o povo nordestino, do qual faço parte com muito orgulho”, declarou.

Juvandia defendeu uma saída democrática e popular para a crise do país.

“O caminho é a solidariedade, o diálogo, a distribuição de renda e não o ódio e o interesse de uma minoria privilegiada. Este sistema que só acumula riqueza, que está envenenando a população com agrotóxicos mortais, este modelo que não se baseia no interesse das pessoas, mas somente no lucro é que está em crise. Defendemos uma sociedade justa, que respeite a diversidade”, destacou.

“A mudança que queremos fazer no mundo, precisamos fazer primeiro dentro de nós mesmos. Ainda bem que temos a mão um do outro para segurar e caminhar juntos. O maior patrimônio de nossa categoria é a unidade nacional que construímos. A nossa luta é pelos direitos, é pelo Brasil”, concluiu, entregando ao presidente da CUT mais de 60 mil assinaturas do abaixo-assinado contra a reforma da Previdência, que será entregue dia 13 de agosto aos parlamentares do Congresso Nacional.

Participar é preciso

A presidenta do Sindicato do Rio, Adriana Nalesso, destacou a importância da participação dos bancários na campanha nacional da categoria e da unidade de todos os trabalhadores. 

"A população começa a perceber que a eleição deste governo representa a perda de direitos, o fim da Previdência Social e da aposentadoria e a extinção do estado social. Projetos como a Medida Provisória 881, que ataca conquistas históricas da jornada de trabalho e permitirá o trabalho em finais de semana e feriados, além da ameaça cada vez maior ao emprego, atingem em cheio os bancários e bancárias. Nossa categoria precisa participar da mobilização, junto com os demais trabalhadores, nesta que é uma das mais importantes campanhas nacionais de nossa história, para derrotarmos o projeto ultraliberal que só atende aos interesses e a ganância dos banqueiros e grandes empresários", disse. 

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