Quinta, 01 Agosto 2019 19:58

Rita Serrano destaca a capacidade de resistência dos empregados da Caixa

Durante o painel “Defesa da Caixa e do que é público”, no 35º Conecef, bancários debatem estratégias para enfrentar risco real de privatização
Empregados da Caixa de todo o país, eleitos delegados para o 35º Conecef, participam dos debates em defesa da Caixa 100% pública Empregados da Caixa de todo o país, eleitos delegados para o 35º Conecef, participam dos debates em defesa da Caixa 100% pública

A conselheira eleita no Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal e diretora da Federação Nacional das Associações do Pessoal da empresa, Rita Serrano, destacou a importância da capacidade de resistência dos trabalhadores da Caixa para barrar o projeto privatista que ameaça as instituições públicas do Brasil, durante o painel “Defesa da Caixa e do que é público”, no primeiro dia do 35º Conecef (Congresso Nacional dos Empregados da Caixa), que começou nesta quinta-feira, 1º de agosto, e vai até sexta-feira, dia 2.

Rita lembrou que, graças à mobilização da categoria nas ruas e no Congresso Nacional que foram barradas medidas como a transformação da empresa em uma Sociedade Anônima (SA) e alcançados avanços através da mobilização das entidades contra o teor privatista do Projeto de Lei do Senado (PLS) 555, que estabelece novas regras de administração para as estatais. A proposta, apesar do viés de aperfeiçoar a gestão e a transparência das empresas públicas e sociedades de economia mista, também abre brechas para a privatização destas companhias e a contratação de trabalhadores sem necessidade de concurso público, com aumento do número de cargos comissionados.

Rita lembrou ainda que o primeiro Conecef deliberou a realização da primeira greve nacional dos empregados da Caixa, que assegurou a jornada de seis horas e o direito à sindicalização. A unidade da categoria, segundo ela, também foi fundamental para barrar as tentativas de privatização da Caixa na década de 1990.

“Ficamos a década inteira defendendo a manutenção da Caixa pública e dos nossos direitos. O banco só não foi privatizado, por conta da nossa luta. A nossa história é de lutas e vamos continuar fortes para enfrentar mais esse desafio imenso”, finalizou Rita Serrano.

O papel das empresas públicas para alavancar o desenvolvimento econômico e social do país, a política de desmonte do governo Bolsonaro e a retirada dos direitos dos trabalhadores, a retomada da democracia foram os principais pontos debatidos no painel.

Políticas públicas

Para o economista e coordenador do Reconta Aí, Sergio Mendonça, que também participou do debate, o Brasil convive há quase quatro décadas com a hegemonia de pensamento econômico que aponta as empresas públicas como ineficientes. “Se não tivéssemos bancos públicos a economia brasileira teria afundado após a crise de 2008”, disse ele.

Ao invés de atuarem de forma anticíclica como aconteceu logo após a crise de 2008, os bancos públicos têm reduzido a oferta de crédito e estão passando por um processo de enfraquecimento. “A Caixa que em 2014 chegou a ter mais de 100 mil trabalhadores, hoje tem menos de 85 mil”, destaca o economista. Esse encolhimento, conforme ele, pode ser constatado em outros bancos e empresas públicas como o Banco do Brasil e a Petrobrás.

Segundo o economista, os bancos públicos já representaram em torno de 45% do sistema financeiro em termos de ativo e crédito, mas este percentual está caindo. “O Brasil vive hoje a maior recessão dos últimos 120 anos. Não vamos sair dessa crise sem o estado, sem as empresas públicas e sobretudo os bancos públicos”, defendeu Sergio Mendonça.

Resistência contra privatizações

“Não toque nesta empresa e nos trabalhadores e trabalhadoras desse país, porque somos a resistência. Este 35º Conecef tem cheiro de resistência. Nós temos história e é em nome dela que vamos construir um novo futuro. Nenhum direito a menos”. O recado foi dado pela deputada e empregada da Caixa, Erika Kokay (PT/DF), no terceiro painel do Congresso. Segundo a parlamentar, a política econômica do atual governo é a de entregar o patrimônio brasileiro para o capital estrangeiro, como aconteceu com o pré-sal, e querem fazer com a Eletrobrás e outras empresas públicas. “É a privatização do conjunto do país”, alertou.

Capitalismo rentista

Conforme Erika Kokay, privatizações como a da Caixa não encontram respaldo social e por isso a estratégia do governo é vender parte delas. “Querem privatizá-la aos pedaços e precisamos denunciar esses ataques”, ressaltou a deputada. Destacou ainda que o país está sem projeto de desenvolvimento nacional. “Nós vivemos em um capitalismo rentista que não produz e ao não produzir não tem qualquer compromisso com o desenvolvimento social e econômico”, acrescentou.

 

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