Segunda, 29 Julho 2019 20:34

Comunicado interno sobre festa anual deixa escapar que Santander demite em massa

Nova função resulta em acúmulo de função. Perfil de unidades, parecidos com lojas e cafés, colocam em risco a segurança de bancários e clientes
Novas unidades de negócios do Santander: parecem mais loja e café de shopping que banco.  A unidades reduziram o número de trabalhadores e praticamente não possuem segurança Novas unidades de negócios do Santander: parecem mais loja e café de shopping que banco. A unidades reduziram o número de trabalhadores e praticamente não possuem segurança

O comunicado interno do presidente do banco espanhol Santander, no Brasil, Sérgio Rial, sobre a festa anual da empresa, que será realizada em São Paulo deixou nas entrelinhas uma triste realidade que não é digna de comemoração, mas sim de indignação: a extinção de postos de trabalho no banco. No texto, um detalhe passou desapercebido por muita gente: o executivo Sérgio Rial, ao dizer que serão mais de 30 mil funcionários que participarão da celebração, deixou passar uma triste realidade. A de que o banco tem demitido em massa, visto que, em comunicado similar no ano de 2017, o número de empregados somava 45 mil, cerca de 15 mil a mais do que no atual quadro funcional.
Medo de perder o emprego
Sérgio Rial parece ser o principal defensor da extinção de empregos de um dos setores que mais demite trabalhador, o financeiro. Ele anunciou à imprensa, em maio deste ano, que os caixas humanos estão com os dias contados, assim como agências físicas.
“Sabemos que a atenção dos funcionários está voltada para detalhes da festa, mas a realidade para quem trabalha no banco é dura. Além de pressão por metas e assédio moral, o bancário vive o drama de saber se continuará ou não em seu emprego”, explica a diretora da Fetraf-RJ/ES (Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Luiza Maria Mendes.
Acúmulo de funções
Luiza lembra ainda que os lucros do banco aumentam em função do esforço de seus funcionários, mas também com a redução de postos de trabalho e a criação da nova função na empresa, o Gerente de Negócios e Serviços, que acumula funções e tornou-se um “faz tudo” na agência.
O Santander lucrou R$ 3,6 bilhões, uma alta de 21% no segundo trimestre.
Trabalho em finais de semana
O Sistema financeiro é um dos principais incentivadores e financiadores da Medida Provisória 881, aprovada na Comissão Mista do Congresso Nacional, a chamada “MP da Liberdade Econômica”. O projeto permite que várias categorias passem a trabalhar em finais de semana e feriados, inclusive os bancários. A medida desobriga também as empresas de instituírem as CIPAs (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes). Sérgio Rial tem se colocado como o mais radical defensor da ampliação da jornada dos bancários. Em junho, o Sindicato conseguiu, após muita pressão e mobilização dos bancários, o fim do trabalho aos sábados na agência Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, uma das unidades cobaias da proposta dos banqueiros.
Preocupação com segurança
Outra preocupação dos sindicatos é com o novo perfil das unidades do Santander, que passam a se parecer cada vez mais com lojas, com direito a cafés e lanchonetes. “As novas agências não possuem porta giratória, reduziram o número de seguranças e qualquer um entra no banco, ameaçando a segurança de funcionários e clientes”, avalia Luiza.

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