Sexta, 26 Julho 2019 15:08

Exterminadores de emprego: Bancos eliminam 2.057 postos de trabalho em seis meses

Os cinco principais bancos do país lucraram R$ 85,9 bilhões no ano Passado, mas ainda assim não param de demitir trabalhadores
PARTICIPAR É A ÚNICA SAÍDA - O drama da eliminação de empregos só pode ser vencido através da mobilização da categoria e do fortalecimento do Sindicato por via da ampliação no número de sindicalizações e participação dos bancários na campanha nacional PARTICIPAR É A ÚNICA SAÍDA - O drama da eliminação de empregos só pode ser vencido através da mobilização da categoria e do fortalecimento do Sindicato por via da ampliação no número de sindicalizações e participação dos bancários na campanha nacional

 Nenhum outro setor da economia fatura tanto dinheiro e, ao mesmo tempo, demite tantos trabalhadores como o sistema financeiro. Os bancos eliminaram 2.057 postos de trabalho (17. 279 demitidos contra 15.222 admitidos) entre janeiro e junho deste ano. Os números são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia. Em junho, todavia, foram abertas 40 vagas (3.052 admitidos ante 3.012 demitidos).

Crise só para o povo

O Brasil vive uma das mais profundas recessões da história de sua economia. Mas para os banqueiros não tem crise. No ano passado, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa e Santander lucraram R$ 85,9 bilhões, um crescimento de 16,2% em relação a 2017. As maiores instituições financeiras do país que foram um verdadeiro cartel, respondem por 90% dos empregos bancários no país. No primeiro semestre deste ano, Bradesco e Santander tiveram, respectivamente, lucros líquidos de R$ 12,7 bilhões (aumento de 23,7% em relação ao mesmo período de 2018) e R$ 7,120 bilhões (crescimento de 21% em doze meses).

 Prioridades da campanha

 Uma das prioridades da campanha nacional dos bancários este ano é a defesa do emprego da categoria, que tem sido drasticamente reduzido em função da alta rotatividade do setor (demitir bancários que ganham mais para contratar funcionários por salários mais baixos afim de elevar ainda mais os lucros das empresas); a extinção das agências físicas e de caixas humanos e o aumento das unidades digitais. Em junho, o salário médio dos demitidos equivalia a R$ 7.278, enquanto a remuneração média dos admitidos correspondeu a R$ 4.781. Isso significa que os novos funcionários foram contratados ganhando 66% do salário dos que foram demitidos.

O achatamento salarial no setor também foi verificado no período de janeiro a junho. Enquanto o salário médio dos demitidos era de R$ 7.010, a remuneração média dos admitidos correspondeu a R$ 4.673, o equivalente a 67% da média salarial dos primeiros. 

Mas não é só a redução do número de postos de trabalho que é uma das maiores preocupações da categoria. A qualidade do emprego e das condições de saúde e de trabalho estão ameaçadas por projetos do governo Bolsonaro, que resultarão em uma precarização ainda maior do trabalho. A Medida Provisória 881/2019 (chamada de MP da Liberdade Econômica), aprovada pela Comissão Mista do Congresso Nacional, prevê que bancários, assim como diversas outras categorias, passem a trabalhar sábados, domingos e feriados e as empregadas não sejam mais obrigadas a instituir as CIPAs (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes).

“A campanha nacional deste ano é uma das mais relevantes da história. Apesar de estarmos cobertos pela garantia da Convenção Coletiva de Trabalho, em função do acordo de dois anos, projetos do governo Bolsonaro que atacam direitos conquistados pelos trabalhadores e as transformações do mundo do trabalho para o empresariado acumular ainda mais capital colocam em risco a própria existência de nossa categoria”, disse a presidente do Sindicato do Rio.

A Conferência Nacional dos Bancários, que será realizada nos dias 2,3 e 4 de agosto, definirá as estratégias de organização de luta para o enfrentamento de novos e antigos desafios.

 Desigualdade de gênero

 A desigualdade de gêneros continua aumentando no setor, ao longo deste ano. Em junho, as mulheres foram contratadas ganhando em média R$ 3.866, 69% do salário dos homens admitidos (R$ 5.574). As demitidas ganhavam R$ 6.472 em média, 81% do salário médio dos dispensados (R$ 8.022).

No período de janeiro a junho, as bancárias admitidas ganhavam em média R$ 3.967, 75% da média dos homens admitidos (R$ 5.279). As demitidas ganhavam R$ 5.848 em média, 72% do que recebiam na média os dispensados (R$ 8.118).

 

 

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