Segunda, 22 Julho 2019 19:03

Liberação do FGTS pode ser um tiro no pé da economia

Adhemar Mineiro, economista do Dieese, faz análise sobre a economia brasileira: política econômica leva ao acirramento da recessão Adhemar Mineiro, economista do Dieese, faz análise sobre a economia brasileira: política econômica leva ao acirramento da recessão

A economia brasileira tende a se contrair cada vez mais, a curto e médio prazos, trazendo queda da produção e da oferta de emprego, em função das decisões tomadas pela equipe econômica do governo. Mesmo que o ministro da Economia, Paulo Guedes, tome medidas de incentivo ao consumo que sempre criticou, como a liberação do FGTS, só serão sentidos daqui a dois anos.
A avaliação foi feita pelo economista e ex-técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Adhemar Mineiro, em palestra neste sábado, pela manhã, no segundo dia da 21º Conferência Interestadual dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do Rio e Espírito Santo. “O quadro da economia brasileira a curto e médio prazo é muito ruim do ponto de vista da produção e do emprego, realidade que vai se perpetuar nos próximos anos”, frisou.
Segundo Mineiro a conjuntura internacional de baixo crescimento e instabilidade gerada por diversos fatores como a disputa pela hegemonia mundial entre China e Estados Unidos, por exemplo, também não ajudam o Brasil a sair da recessão, agravada pelas seguidas medidas tomadas internamente pelo governo federal, gerando estagnação da renda e do emprego no país.
Comércio exterior
Segundo o economista, o comércio exterior também não servirá para dar algum fôlego à economia brasileira, já que deverá cair 3% nos próximos meses. Para piorar, a Argentina, um dos nossos principais parceiros comerciais, está numa situação econômica complicada e o acordo a ser assinado entre o Mercosul e a União Europeia não é favorável ao Brasil, já que os produtos nacionais não têm como competir com os produtos europeus.
Liberação do FGTS
A utilização de mecanismos de incentivo ao consumo, como a autorização do saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) pelo trabalhador , anunciado pelo governo poderão ter efeito contrário ao esperado na avaliação de Mineiro.
“O que acontecerá será o desmonte do principal mecanismo de financiamento da compra da casa própria e de obras de saneamento, com impacto na construção civil, setor importante e que mais empregos gera no país. Se for usado para quitar dívidas, o saque do FGTS não vai gerar qualquer efeito sobre o crescimento econômico e ainda vai gerar mais dificuldades no setor da construção civil”, argumentou.
Adhemar explicou que a radicalização das medidas de ajuste fiscal do governo, entre elas o corte de 50% no investimento público faz crescer ainda mais a recessão. Segundo o economista, vários são os motivos geradores de instabilidade na economia mundial, entre eles as novas tecnologias, como o comércio pela internet e suas consequências imprevisíveis.

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