Sábado, 20 Julho 2019 14:54

Conferência Interestadual presta homenagem ao economista Walter Barelli

Walter Barelli teve papel fundamental para o fortalecimento do Dieese em períodos adversos, como na crítica às políticas econômicas do regime militar Walter Barelli teve papel fundamental para o fortalecimento do Dieese em períodos adversos, como na crítica às políticas econômicas do regime militar

Na cerimônia de abertura da 21ª Conferência Interestadual dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do Rio e Espírito Santo, nesta sexta-feira (19/7), foi prestada homenagem ao economista e ex-ministro do Trabalho Walter Barelli. Em coma há três meses depois de bater a cabeça numa queda na escadaria do Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, Barelli faleceu aos 80 anos na última quinta-feira. Estava internado no hospital Sírio Libanês e morreu em consequência de falência múltipla dos órgãos.
Na mesa de abertura da conferência, o vice-presidente da Contraf-CUT, Vinícius de Assumpção, propôs que em homenagem a conferência fosse denominada Conferência Interestadual Walter Barelli. Lembrou que durante a ditadura Barelli foi o responsável pelo fortalecimento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), criando as condições para que a entidade fizesse uma série de denúncias tecnicamente embasadas sobre a política econômica da ditadura milita r, entre elas, os expurgos inflacionários, o que o levou a ser preso.
Paulo Jagger, também economista do Dieese, que fez a palestra sobre reforma da Previdência, na abertura da conferência, frisou que Barelli era um exemplo de ética, profissionalismo e coragem que deve ser lembrado. “É uma perda que lamentamos”, afirmou. 

Ligação com o sindicalismo

Nascido em São Paulo em 25 de julho de 1938, Barelli era doutor em Economia. Teve sua trajetória marcada pelo sindicalismo, com bandeiras como o aumento salarial e a ampliação do nível de emprego no país. Era professor universitário aposentado pela Unicamp. No período da ditadura, assumiu, em 1965, o cargo de diretor-técnico do Dieese, onde permaneceu por 25 anos.
Sob seu comando, o Dieese ganhou visibilidade e credibilidade. Sua atuação no órgão fez com que fosse preso pelos militares em 1979, mas diante da forte mobilização de políticos e sindicalistas, foi solto. No período da redemocratização, Barelli participou também da elaboração de projetos para a Assembleia Nacional Constituinte. Na campanha presidencial de 1989, assessorou Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP). Mesmo sem se filiar ao partido, tornou-se muito amigo de Lula. Com a vitória de Collor, deixou o Dieese e participou do governo paralelo, articulado pelo PT para fiscalizar a gestão e apresentar propostas alternativas.
Com o impeachment de Collor, se tornou ministro do Trabalho na gestão Itamar Franco. No ministério, Barelli cobrou a participação dos sindicatos na luta contra os aumentos abusivos e contra a inflação. O então ministro fez com que, pela primeira vez, o governo federal reconhecesse e combatesse a prática de trabalho infantil e escravo no país.

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