Segunda, 17 Junho 2019 20:24

Bancários do Santander conquistam fim de trabalho ‘voluntário’ aos sábados

 Adriana Nalesso (ao lado do deputado estadual Carlos Minc, do PSB) durante a audiência pública na Alerj,  que debateu o trabalho ilegal aos sábados no Santander. Dirigentes sindicais comemoram o recuo do banco Adriana Nalesso (ao lado do deputado estadual Carlos Minc, do PSB) durante a audiência pública na Alerj, que debateu o trabalho ilegal aos sábados no Santander. Dirigentes sindicais comemoram o recuo do banco

Após uma grande mobilização nacional e a pressão dos sindicatos, os bancários do Santander conseguiram impor uma derrota à direção do banco espanhol, que levou seus funcionários a trabalhar aos sábados sob a falsa alegação de que a atividade era “voluntária”. No Rio, diretores do Sindicato protestaram durante as cinco semanas seguidas contra a prática ilegal do banco.
“Na verdade, o trabalho não tinha nada de voluntário e muito menos com objetivo de oferecer orientação financeira para a população. Constatamos que se tratava de um trabalho nos finais de semana e sem nenhuma proteção e direito trabalhista. Denunciamos e a nossa luta ganhou repercussão nas redes sociais e na opinião pública e conseguimos uma vitória importante, restabelecendo os direitos e a jornada do bancário, previstos na legislação e em nossa Convenção Coletiva de Trabalho”, comemora o diretor do Sindicato, Marcos Vicente.
O Santander pretendia encerrar o projeto somente no dia 29 de junho, mas a pressão dos bancários fez o banco recuar e anunciar a suspensão das atividades, em definitivo, em todas as unidades onde o trabalho estava sendo realizado, aos sábados.
Audiência Pública
O Sindicato do Rio recebeu a boa notícia da vitória da categoria enquanto participava de uma audiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), na última segunda-feira, dia 17, para debater e buscar uma solução para o problema. O deputado estadual Carlos Minc (PSB), que pautou o encontro a pedido do Sindicato, falou da importância da participação dos bancários nas lutas em defesa de direitos da categoria e de interesse da sociedade, citando alguns de seus projetos que viraram Lei graças a pressão dos trabalhadores.
O parlamentar lembrou que, como no caso da ilegalidade do Santander, “a categoria precisa pressionar para que os bancos cumpram leis já aprovadas, como a Lei Antifilas, a do atendimento (que dá o direito a todo o cidadão de pagar suas contas em um caixa físico), a que proíbe o porte das chaves dos cofres pelos bancários e a que reconhece a LER como doença ocupacional”.
Como sempre costuma fazer, o Santander mostrou, mais uma vez, descaso para com seus funcionários e não enviou representante para a audiência. O Ministério Público do Trabalho enviou nota dizendo que não pôde comparecer em função da greve, mas promete acompanhar o caso..
Vale a pena lutar
O parlamento fluminense vai notificar oficialmente o banco Santander, a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), o Banco Central e o MPF sobre a ilegalidade da prática, exigindo o cumprimento da legislação trabalhista que prevê a jornada dos bancários, de segunda a sexta-feira. Foi aprovada ainda, pela Alerj, uma moção de repúdio às ilegalidades do trabalho aos sábados.
“Mais uma vez está provado que vale a pena lutar. Apesar de todas as adversidades, a pressão da categoria garantiu o recuo do banco, assim como o governo Bolsonaro começa a recuar em alguns pontos na proposta da reforma da Previdência, após a mobilização popular”, afirma a presidenta do Sindicato, Adriana Nalesso, que participou da audiência. Nalesso lembra ainda que a luta não é apenas nas ruas e nas redes sociais, mas nos instrumentos e instituições políticas, como os parlamentos. “Só conseguimos vitórias com uma ativa participação dos trabalhadores como sujeitos históricos”, conclui.
Participaram também da reunião, o deputado estadual Waldeck Carneiro (PT), o diretor do Sindicato dos Bancários de Niterói e Regiões, Júlio César Pessoa e da Fetraf/RJ-ES, Paulo Roberto Garcez.

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