Sábado, 08 Junho 2019 15:29

Sem luta contra privatização da Caixa não adianta negociação de itens pontuais

Rita Serrano destacou que a prioridade dos empregados da Caixa tem de ser a luta contra o processo de privatização do banco Rita Serrano destacou que a prioridade dos empregados da Caixa tem de ser a luta contra o processo de privatização do banco

Não adianta os empregados da Caixa continuarem com as negociações pontuais dos itens específicos com a direção do banco se não houver uma forte mobilização dos bancários contra o processo de privatização da empresa. A afirmação foi feita pela representante eleita do Conselho de Administração da instituição, Rita Serrano, durante o Encontro Estadual dos Empregados da Caixa, neste sábado (8), no auditório do Sindicato do Rio.
“Para defender a Funcef e o Saúde Caixa é preciso garantir a existência da Caixa enquanto banco público. Se o banco for privatizado acaba tudo, não adianta manter apenas as negociações pontuais”, disse Rita. Ela lembrou ainda que mesmo os trabalhadores que já estão aposentados pelo fundo de pensão, ao contrário do que imaginam, não estão com seus direitos garantidos.
“Vejam como exemplo o caso da Varig, em que os trabalhadores perderam tudo, todos os direitos que tinham em seu fundo de pensão”, alerta.
Ricardo Maggi, diretor da Fetraf RJ/ES e membro da Comissão de Empresa dos Empregados (CEE/Caixa) criticou a política mais conservadora de investimentos do banco em relação a Funcef, com investimentos em títulos públicos, menos rentáveis do que o mercado de ações como uma das causas da falta de reservas para enfrentar o contencioso 
valor total das ações trabalhistas que a Caixa perde na Justiça mas que a Funcef acaba pagando). Para o movimento sindical o problema não se trata de déficit do fundo de pensão, mas de consequênci as de operações propositalmente equivocadas da direção da empresa. 

Saúde Caixa

Para Fabiana Uehara, coordenadora do GT Saúde da caixa e secretaria de Cultura da Contraf, é preciso incluir os novos empregados com os mesmos direitos dos antigos para garantir a sustentabilidade do Saúde Caixa e cobrar da direção do banco os balanços que comprovem a afirmação da empresa em relação ao déficit no plano de saúde dos empregados.  


Pressão e autoritarismo

Rita disse ainda que que o cenário para os empregados no atual governo é de extremo autoritarismo. “O grau de pressão e de decisões autoritárias é violento no banco. Não dá para esperar nada de bom na atual conjuntura”, acrescenta ao se referir às transferências de trabalhadores feita de forma unilateral pela empresa para pressionar os bancários a aderir ao PDV (Plano de Demissão Voluntária) do banco. Lembrou ainda que o embate tem sido difícil, já que no Conselho de Administração são sete representantes da direção da empresa e apenas ela representa os trabalhadores.

Descapitalização da empresa

Rita criticou ainda o fatiamento da Caixa como parte do processo de privatização e que dois ativos já estão sendo vendidos ao mercado, sendo que serão ao todo pelo menos quatro ainda este ano. Alertou sobre a necessidade da Comissão de Empresa dos Empregados de cobrar sobre o grande número de empregados que estão sendo demitidos por justa causa.
“Se este processo continuar não vai sobrar nada do banco enquanto instituição pública. Se alguém tinha alguma ilusão em relação à reestruturação, agora não tem mais. Está muito claro que o esvaziamento e a descapitalização da empresa têm por objetivo a privatização da Caixa”, destaca.

Mobilização é a saída

Apesar do contexto adverso para os trabalhadores, Serrano apontou uma saída: a mobilização. Disse que a história mostra que a mudança é possível quando há capacidade de organização dos trabalhadores para reagir e lutar.
“Nossa história de organização não é de derrotas, mas de vitórias. Se não fosse a nossa luta não teríamos resistidos ao projeto privatista dos governos Collor e FHC. Nos últimos anos conseguimos, durante três anos consecutivos, impedir que a Caixa se tornasse uma empresa S/A”, relembra. Disse ainda que a população tem apego a marcas de empresas públicas e estatais importantes, como a Caixa, o Banco do Brasil e a Petrobras. Criticou também todo o chamado processo de “reestruturação do banco”, na verdade, um desmonte para promover a privatização.
Para o movimento sindical é importante ainda desmitificar o discurso de que, se for privatizado, o banco oferecerá melhores condições de trabalho.
“Se a Caixa for privatizada, não restará nem emprego quando mais melhores condições de trabalho. É só ver o que aconteceu com as instituições privatizadas, como o Banerj aqui no Rio. Somente a nossa unidade e mobilização impedirá a entrega dos bancos públicos às instituições privadas do sistema financeiro, como conseguimos no passado”, afirma o vice-presidente do Sindicato Paulo Matileti.

 

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