Quinta, 30 Mai 2019 20:07

Educação sacode as ruas do país contra Bolsonaro, cortes e reforma

Os protestos desta quinta-feira, 30 de maio, em todo o país, deram um duro recado ao governo Jair Bolsonaro: ou suspende os cortes de recursos da educação e a tramitação da emenda da reforma da Previdência, ou terá que amargar um enorme desgaste político, com mobilizações cada vez maiores e a greve geral convocada pelas centrais sindicais para 14 de junho. “Nosso recado a este presidente autoritário e despreparado, que defende os ricos, é que não vamos sair das ruas enquanto ele não recuar destes ataques ao povo brasileiro. O corte da educação prejudica principalmente os negros e pobres que com a lei de cotas são mais de 50% dos estudantes das universidades”, afirmou Rose Barbosa, diretora da Associação Nacional dos Docentes (Andes-Sindicato Nacional), durante a passeata do Rio de Janeiro que ocupou toda a Avenida Rio Branco, com mais de 100 mil pessoas.

Participaram dos protestos, estudantes, profissionais da educação federal (em greve) e trabalhadores de muitas outras categorias, como petroleiros, bancários, metalúrgicos, professores da rede privada e servidores da saúde federal. A presença massiva dos estudantes e a palavra de ordem “Fora Bolsonaro” foram as marcas da passeata do Rio de Janeiro, lembrando momentos de mobilizações crescentes contra governos antipopulares e envolvidos em casos de corrupção, como o de Collor de Melo, que acabou caindo.

Cortes beneficiam grupos privados

A estudante Natália Reis, do Diretório Acadêmico Mário Prata, disse que no domingo, com o fiasco das manifestações pró-governo, ficou patente que a população não apoia o projeto elitista de Bolsonaro para a educação, que pretende acabar com a entrada de negros e pobres nas universidades, através da falência destas instituições públicas, para beneficiar grupos privados. “E querem isso para poder dominar o povo com mais facilidade e, desta forma, entregar o patrimônio público aos ricos e se submeter aos interesses dos Estados Unidos. Se Bolsonaro bate continência à bandeira americana e se ajoelha aos pés de Trump é uma vergonha. Mas o povo está aqui hoje, mais uma vez, para dizer que não vai sair das ruas enquanto Bolsonaro não voltar atrás nos cortes e para frisar que a nossa bandeira é verde e amarela”, afirmou a deputada Jandira Feghalli (PCdoB-RJ), durante a passeata.

Do alto do carro de som, ainda na concentração na Candelária, o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) advertiu que os trabalhadores não vão deixar um governo fascista privatizar as universidades, nem apagar da História o grande educador Paulo Freire. “Só um governo estúpido, despreparado e entreguista é capaz de atacar a memória de Paulo Freire e a universidade pública que forma cidadãos sem os quais o país não vai se desenvolver. Nenhum país foi à frente com redução dos investimentos em educação, muito pelo contrário”, afirmou Freixo.

Ocupar as ruas contra a reforma

“Não vai ter corte, vai ter luta” foi outra palavra de ordem que resumiu a disposição dos estudantes e profissionais do ensino de construir um movimento crescente contra o projeto excludente de Bolsonaro. Não faltaram também críticas à proposta de emenda constitucional 06/2019, em tramitação no Congresso Nacional. Com a PEC 06, Bolsonaro e o ministro da Economia Paulo Guedes, pretendem acabar com o direito à aposentadoria, arrochar o valor de todos os benefícios previdenciários e privatizar a Previdência Social, através do fim do sistema atual de repartição (em que governo, empresas e trabalhadores contribuem) para o modelo de capitalização em que só o trabalhador contribui para um fundo administrado por bancos, sem a certeza de que conseguirá receber aposentadoria.

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